O mais substancioso dos banquetes

Quem não se deleita e sente bem estar, ao degustar uma deliciosa e atraente comida? Isso se verifica, quando temos a possibilidade de ir a um restaurante, seja uma churrascaria, ou quiçá uma pizzaria; todo o nosso físico se sente comprazido, para não dizer descansado.  Pois o alimento não somente tem a função de sustentar a saúde e, portanto a vida, mas também de favorecer o convívio dos que participam da refeição.

E falando em alimento nossa imaginação neste dia se reporta a um alimento que é o alimento por excelência: o próprio Corpo e Sangue de Nosso Redentor, deixado tão generosamente para nós homens, na Última Ceia. Momento sublime este, da instituição da Sagrada Eucaristia, já prefigurado no Antigo Testamento com o maná.  Este momento é tão sublime  que a Santa Igreja, como mãe indizivelmente sábia, com muita propriedade, instituiu uma solenidade para homenagear o Corpo e Sangue do Senhor: a festa de Corpus Christi.

Esta festa se reveste de uma grandeza ímpar, pois no dizer de São Pedro Julião Eymard: “Há um dia que é especialmente o do Senhor, este é o dia do Corpo de Deus. Dia de regozijo e de felicidade, ‘festa para Deus e para nós’”.

Mas, como surgiu a festa de Corpus Christi?

A Festa litúrgica em louvor ao Santíssimo Sacramento foi instituída em 1264 por Urbano IV. Ela deveria marcar os tempos futuros da Igreja, tendo como finalidade cantar a Jesus Eucarístico, agradecendo-Lhe solenemente por ter querido ficar conosco até o fim dos séculos sob as espécies de pão e vinho. Nada mais adequado do que a Igreja comemorar esse dom incomparável.

Logo nos primeiros séculos, a Quinta-feira Santa tinha o caráter eucarístico, segundo mostram documentos que chegaram até nós. A Eucaristia era o centro e coração da vida sobrenatural da Igreja. Todavia, fora da Missa não se prestava culto público a esse Sacramento. O Pão consagrado costumava ficar guardado numa espécie de sacristia, e mais tarde lhe foi reservado um nicho num ângulo obscuro do templo, onde se punha um cibório em forma de pomba, suspenso sobre o altar, sempre tendo em vista a eventual necessidade de atender a algum enfermo.

Mas durante a Idade Média, os fiéis foram sendo cada vez mais atraídos pela sagrada humanidade do Salvador. A espiritualidade passou a considerar de modo especial os episódios da Paixão. Criou-se por isso um clima propício para que se desenvolvesse a devoção à Sagrada Eucaristia. O último impulso veio das visões de Santa Juliana de Monte Cornillon, uma freira agostiniana belga, a quem Jesus pediu a instituição de uma festa anual para agradecer o Sacramento da Eucaristia. A religiosa transmitiu esse pedido ao Arcediago de Liége, o qual, sendo eleito Papa, trinta e um anos depois, adotou o nome de Urbano IV.

Pouco depois esse Pontífice instituía a festa de Corpus Christi, que acabou por se tornar um dos pontos culminantes do ano litúrgico em toda a Cristandade.[1]

Ao finalizarmos o nosso artigo nos vêm a pergunta: Como participar desta solenidade com toda reverência e filial devoção? Antes de tudo rezando, pois só através da oração, feita com fé, seremos agradáveis a Deus e depois comungando dignamente, e não somente neste dia, mas em todos os dias de nossa vida. Só assim poderemos de fato crescer cada vez mais na devoção eucarística.

Mas a nossa comunhão será perfeita se a fizermos a ação de graças pedindo o auxílio de Maria Santíssima. Ela que foi o sacrário vivo de Nosso Senhor Jesus Cristo e que, segundo algumas revelações particulares, foi a primeira a comungar na Última Ceia e teve a graça inaudita de ter a permanência eucarística em sua alma.

 


[1] CLÁ DIAS, EP, Mons. João. Revista Arautos do Evangelho, n. 6, Junho/2002, p. 6-10