Santo Antônio

Nas primorosas terras portuguesas, no decorrer do século XII, na cidade de Lisboa nascia um menino que seria batizado com o nome de Fernando Bulhões.

Desde jovem sentia em si a vocação para a vida religiosa e aos quinze anos ingressou na Ordem dos Cônegos Agostinianos. Inicialmente esteve no convento de São Vicente de Fora, após dois anos foi para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, onde recebeu excelente formação tornando-se grande conhecedor das Sagradas Escrituras, e nesta mesma cidade foi ordenado sacerdote.

Em 1220, assistiu algo que marcou muito sua vida, a chegada dos restos mortais de cinco franciscanos martirizados em Marrocos. Com isso, decidiu firmemente tornar-se um filho de São Francisco a fim evangelizar nas mesmas terras onde aqueles heróis da fé entregaram suas almas a Deus.

Os superiores consentiram ao seu desejo e, após cinco meses de noviciado foi enviado para Marrocos. Porém, acometido por terríveis febres, não pode realizar as tão sonhadas missões e tão pouco seu maior anseio, o martírio. Deus tinha para ele outro destino.

Por obediência deveria regressar à Europa. Chegaria a Portugal, caso seu navio não tivesse sido desviado por uma forte tempestade e ido parar na Sicília. Ficou um tempo em Messina e com isso pode participar do Capítulo Geral da Ordem, em Assis, presidida pelo próprio São Francisco, seu pai espiritual. Terminada a Assembleia, dirigiu um pedido ao Provincial de Romandiola que o acolhesse como subalterno, foi atendido. Passou a viver no Eremitério de São Paulo e assumiu a função de auxiliar de cozinha.

Um determinado dia foi apanhado de surpresa pelo superior para fazer o sermão de uma missa. Todos ficaram surpreendidos pela tamanha ciência que vivia escondida atrás dos humildes afazeres da cozinha. Saiam dos lábios de Frei Antônio palavras cheias de fogo, brilho e clareza com varias citações das Sagradas Escrituras, tão bem conhecida por ele. Aí se iniciou sua vida pública.

Devoção e eloquência não lhe faltavam, e ainda lhe acompanhava uma rara memória que tornava suas palavras irrefutáveis por serem muitas delas embasadas na Bíblia. Tornou-se um destemido pregador, reprovava todos os erros ainda que tratasse de autoridades civis ou religiosas. A multidão sempre o seguia, pois estavam sedentos de ouvir as verdades eternas proferidas pelos seus lábios. Uma nova missão o esperava, combater as heresias dos cátaros e albigenses. Para isso partiu para a frança no ano de 1224 afim de, com as luzes da fé, dissipar as trevas trazidas pelas heresias.

Convocado para o Capítulo Geral da Ordem, no ano de 1227, foi eleito superior da Província da Emilia-Romagna, aí ficou os quatro últimos anos da sua vida. Pádua, sendo a sede Provincial, acolheu fervorosamente as suas pregações. Qualquer igreja por maior que fosse, tornava-se pequena, pois a multidão que se reunia em sua volta às vezes chegava a somar 20 mil fiéis. Após ouvir uma de suas pregações de Quaresma, o Papa Gregório IX o chamou de “Escrínio das Sagradas Escrituras” e de “Arca do Testamento”.

Sempre fazendo o que Deus queria, ainda que fosse contra seus planos, trabalhou incansavelmente a ponto de ter a saúde debilitada, o que lhe ocasionou uma hidropisia. Recolheu-se um pouco na comunidade de Camposampiero, mas como se sentia mal, pediu para retornar a Pádua, porém no percurso seu estado se agravou, sendo assim foi obrigado a permanecer no mosteiro das irmãs clarissas de Arcella.

No dia 13 de junho de 1231, aos 36 anos de idade, Frei Antônio recebia os sacramentos da penitência e unção dos enfermos. Com os olhos fixos no céu exclamou: “Vi o Senhor”! Logo após, o nosso santo homem entregava sua alma a Deus.

O Papa Gregório IX não esperou muito para canoniza-lo. Em 30 de maio de 1232 – portanto, menos de um ano- Santo Antônio já subia à glória dos altares. Em Pádua foi construída uma Basílica em sua honra e no ano de 1263, ao serem transladadas as relíquias, São Boaventura encontrou intacta a língua do santo. Deus quis preservar este eficaz instrumento que, de certo, salvou muitas almas.

 

Evangelho próprio para a Missa em honra de Santo Antônio

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 5, 13-19):

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o seu gosto, com que se há de salgar? Não serve mais para nada, senão para ser posto fora e ser pisado pelos homens.

Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida a cidade, se está no alto de um monte. Também não se acende uma lâmpada para escondê-la, mas para colocar no alto; e ela ilumina todos os que se encontram na casa.

Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, a fim de que vejam vossas obras boas e glorifiquem vosso Pai que está no céu.

Não penseis que eu vim abolir a Lei ou os Profetas; eu não vim abolir, mas cumprir. Porque, em verdade, eu vos digo: ainda que passem o céu e a terra, não passará um ‘i’ ou um só sinal da Lei, até que tudo tenha acontecido.

Aquele, portanto, que violar um só destes mandamentos, mesmo dos menores, e ensinar os homens a fazê-lo, será tido como o menor do Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, este será tido por grande no Reino do Céu”.