Descobrimento da Terra de Vera Cruz

Junto às margens da foz do rio Tejo na manhã de domingo, oito de março de 1500, na capela de Nossa Senhora de Belém ou Ermida do Restêlo foi celebrada a missa com a presença do rei de Portugal, D. Manuel I. O pregador foi o bispo de Ceuta que, após a cerimônia, “tomou o estandarte de sôbre (sic) o altar, onde o haviam colocado durante o serviço divino, e, benzendo-o, o entregou ao rei, que com as próprias mãos o passou a Cabral, em cuja cabeça pôs um barrete, benzido pelo papa” ^[1].

Esta celebração marcava o inicio da expedição de Pedro Álvares Cabral que culminaria com a descoberta da Terra de Vera Cruz, mais tarde Brasil.

No dia vinte e dois de abril de 1500, depois de depararem com grande quantidade de ervas boiando e aves no céu, as naus portuguesas aproximam-se do que julgavam ser uma ilha. Os marinheiros avistam um monte, batizado pelos descobridores com o nome de Pascoal, devido à proximidade da festa da ressurreição do Senhor.

Depois de “asseguradas as boas relações com os indígenas, alguns dos quais haviam sido levados a bordo da capitânia e aí cordialmente tratados, decidiu o Capitão-Mor que fôsse (sic) celebrada missa no dia seguinte, domingo da Pascoela, no ilhéu hoje chamado da Coroa Vermelha”^[2].

Assim, a vinte e seis de abril, “Frei Henrique de Coimbra, capelão do comandante, rezou missa, acompanhado por todos os padres”^[3], a primeira missa no Brasil. Pregou sobre “o descobrimento da nova terra, dedicada à Cruz de Cristo, sob cuja bandeira vinham todos”^[4]. Conforme Rocha Pombo^[5] no dia primeiro de maio uma nova cerimônia foi realizada em terra firme com grande pompa em meio à curiosidade e respeito dos nativos que “ao levantar da hóstia e do cálice, se ajoelharam e batiam nos peitos como faziam os cristãos”.^[6] Tiveram os naturais um grande espanto no momento em que a terra, recém-descoberta, foi marcada com “uma grande cruz de madeira”^[7].

Nascia o Brasil como colônia do Império Português marcado pela presença do catolicismo romano.