O costume de cobrir as cruzes e imagens na Quaresma

“A beleza e a cor das imagens estimulam minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus”[1].

Quanto agrada ao fiel, entrando numa igreja, encontrar uma artística representação de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou de sua santa Mãe, ou ainda de algum venerável santo. Essas imagens, nos ensina o Catecismo (nº 1160), transcrevem em suas formas e cores a mensagem evangélica, assim como a Sagrada Escritura a transmite pela palavra.

Ao longo do ano litúrgico a Igreja estimula os fiéis a venerar com especial amor a Virgem Maria, Mãe de Deus e a homenagear aos mártires e demais santos. Os crucifixos, as imagens de Nossa Senhora e dos santos são levados em procissão ou ainda revestidos de modo especial por ocasião das festas litúrgicas.

A partir das vésperas do quinto Domingo da Quaresma, a Igreja recomenda que as cruzes e imagens sacras sejam cobertas com um tecido roxo.  Ocultando a “beleza e a cor das imagens” a Esposa de Cristo incentiva os fiéis a meditar no sofrimento sofrido pelo Redentor da humanidade. A cor roxa, que também é usada nos paramentos ao longo do período quaresmal, lembra a dor e a penitência.

Uma rubrica no Missal Romano, colocada após a “Oração depois da comunhão” do sábado da quarta Semana da Quaresma, indica quando e como se deve proceder no tocante a cobrir as imagens: “Pode-se conservar o costume de cobrir as cruzes e imagens da igreja, a juízo das Conferências Episcopais. As cruzes permanecerão veladas até o fim da celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa. As imagens, até o início da Vigília Pascal”[2].

A Cruz velada faz menção à humilhação que sofreu o Cordeiro sem mancha ao ter que se ocultar para não ser morto pelos judeus que o queriam apedrejar. (Cf. Jo 10, 31-40) E as imagens da Virgem cobertas simbolizam o sofrimento de Nossa Senhora que teve seu coração traspassado por uma espada de dor (Cf. Lc 2,35).

[1] São João Damasceno, Imag. 1,27: PG 94, 1268B. Apud Catecismo da Igreja Católica, p. 327.

[2] Missal Romano. 2ªed. São Paulo: Paulus, 1992. p. 211.