Oitava da Páscoa
A festa da Páscoa, bem como a oitava posterior, eram comemoradas pelos judeus muito antes da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme o livro do Deuteronômio: “No mês das espigas, cuida de celebrar a Páscoa em honra do Senhor, teu Deus, porque foi nesse mês que ele te fez sair do Egito, durante a noite. Imolarás ao Senhor teu Deus em sacrifício pascal, do rebanho graúdo ou miúdo, no lugar que ele tiver escolhido para aí residir o seu nome. Não comerás pão fermentado com essas vítimas; durante sete dias comerás pão sem fermento, um pão de aflição, porque saíste às pressas do Egito, para te lembrares assim durante toda a tua vida do dia da tua partida. Durante sete dias não se verá fermento em toda a extensão do teu território”(Dt 16, 1-4).
A Pessach hebraica, ou seja, a passagem do povo judeu da escravidão no Egito para a liberdade foi uma prefigura da Páscoa do Redentor que, com sua ressurreição, passou da morte à vida e comprou a liberdade da humanidade escravizada pelo pecado original. Uma vez que para Deus tudo é presente, quis Ele que a ressureição de seu amado Filho se desse na festa da Páscoa, para que o povo da Nova Aliança passasse a comemorar esta festa não mais com “o sangue de carneiros ou bezerros”, mas “com o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a si mesmo como vítima sem mácula a Deus” (Cf. Hb 9, 12-14).
Para a Igreja “a Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a ‘festa das festas’, ‘solenidade das solenidades’, como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos (o grande sacramento). Santo Atanásio a denomina ‘o grande domingo’, como a semana santa é chamada no Oriente ‘a grande semana’” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1169). Em todos os domingos do ano litúrgico se proclama o mistério pascal, mas é na Páscoa da ressurreição do Senhor que se encontra “o ápice de todo o ano litúrgico. Portanto, a solenidade da Páscoa goza no ano litúrgico a mesma culminância do domingo em relação à semana” (Missa Romano, p. 104).
O período pascal se estende por cinquenta dias, do domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes e deve ser celebrado com “alegria e exultação” (Missal Romano, p. 104). A primeira semana após o domingo da Ressurreição constitui a oitava da Páscoa, já contemplada no antigo testamento (cf. Dt 16,3), e deve ser celebrada, dia a dia como solenidade do Senhor.
Procuremos viver com enorme confiança este período em que a Vítima Pascal, o Cordeiro inocente, o Cristo abriu-nos o aprisco do Pai. Neste duelo em que o mais forte venceu o forte, a vida venceu a morte (Cf. Sequência da Missa de Páscoa).
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