“Voz de Deus” faz-se ouvir novamente na França”

 

Os sinos de Notre Dame – I

O terror abate-se sobre a nação francesa. Igrejas saqueadas, altares profanados, monarcas decapitados… e nem sequer os sinos da belíssima e multissecular Catedral de Notre Dame, situada na Ile de la Cité, na doce Paris, foram poupados.

Em 1792 durante a Revolução Francesa, os sinos foram retirados dos campanários da Catedral. Os revolucionários fundiram-nos e seu bronze foi utilizado para construir canhões.

Triste história. Mas como a Igreja sempre ressurge de suas aparentes quedas com um brilho superior e mais fulgurante… vejam essa notícia publicada em uma renomada agência católica de notícias:

 

“Catedral de Notre Dame recupera o som que seus sinos tinham na Idade Média”

Por ocasião do aniversário de 850 anos do início da construção da Catedral de Notre Dame de Paris, França, nove de seus sinos serão substituídos por réplicas fiéis à harmonia original presente antes de 1791. O monumental projeto chegou a sua reta final com a chegada dos sinos de bronze à Catedral, onde foram recebidos e abençoados pelo Cardeal André Ving-Trois, Arcebispo de Paris, em uma cerimônia especial no último sábado, 2. Desta forma, Paris voltará a escutar o ressoar que inundou os ares da cidade antes da Revolução Francesa. […][1]

 

Tendo lido essa notícia surgiu a ideia de escrevermos uma série de artigos que possam apresentar ao leitor um pouco da história do sinos de Notre Dame, e quiçá um pouco sobre o próprio sino, essa maravilha de arte e cultura, expressão da religiosidade de uma nação, da própria cristandade.

Origem do Sino

“Aarão será revestido desse manto quando exercer suas funções, a fim de se ouvir o som das campainhas quando entrar no Santuário, diante do Senhor, e quando sair” (Ex 28, 35)

Este é o primeiro relato escrito que se tem sobre os sinos. Os judeus e pagãos o conheciam pelo nome de tintinnabulum ou campainha. Nessa ocasião Deus indicou a Moisés que acrescentasse “campainhas de ouro” à parte interna do manto de Aarão que exercia o ministério de Sumo-sacerdote. Eram ao todo 72 campainhas.

O objetivo das “campainhas” era de recordar aos filhos de Israel que a Lei lhes havia sido entregue “ao som da trombeta”.

Interessante observarmos como o sino já em seus primórdios tinha um objetivo pastoral: alertar e recordar aos que ouviam seu som que Deus promulgou leis, e que essas leis deviam ser lembradas por todos.

O Sino tal qual conhecemos

Entre os gregos e romanos, as campainhas tomavam parte em diversos atos, civis e religiosos.

Durante a perseguição à Igreja no início da era cristã os sinos acabaram caindo em desuso, pois poderiam chamar a atenção das autoridades e entregar o local da reunião dos cristãos, o que certamente levá-los-ia à perseguição e a morte.

Após a liberdade da Igreja, proclamada por Constantino com o Edito de Milão em 313, a Igreja no Ocidente passou a utilizar a trombeta como meio de chamar os fiéis às cerimônias. Já no Oriente duas lâminas de cobre batidas, uma contra a outra, exerciam essa função.

Santo Isidoro de Sevilha, falecido em 636, narra que o sino tal qual conhecemos, teve sua origem na Itália, precisamente na região da Campânia, na cidade de Nola.

A Igreja atraiu a si a tarefa de sacralizar essa invenção, instituindo inclusive um cerimonial litúrgico para abençoá-la. Trata-se do BATISMO DO SINO.

Em próximo artigo você conhecerá como se dá essa cerimônia. Aliás… uma curiosidade: o sino tem até padrinhos! Não perca!


[1] Catedral de Notre Dame em Paris recupera o som que seus sinos tinham na Idade Média. Disponível em < http://goo.gl/a1N20> – Gaudium Press.