Ano da Fé: a reforma da Sagrada Liturgia
Caros amigos, a Sagrada Liturgia “é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força” (SC, 10), daí a grande importância que esta ocupou nas discussões do Concílio Vaticano II e deve ocupar também na vida de nossas comunidades de fé.
Quando os Padres Conciliares empreenderam a “reforma litúrgica” (cfr. SC I, III), sua preocupação foi a de “permitir ao povo cristão um acesso mais segura à abundância de graça que a Liturgia contém” (SC, 21). Para tanto, foi explicado que “a Liturgia compõe-se duma parte imutável, porque de instituição divina, e de partes susceptíveis de modificação, as quais podem e devem variar no decorrer do tempo, se porventura se tiverem introduzido nelas elementos que não correspondem tão bem à natureza íntima da Liturgia ou se tenham tornado menos apropriados”. (SC, 21)
Neste espírito, foram dadas normas gerais para a adaptação dos ritos, orações, textos e formas, a fim de que “exprimam com mais clareza as coisas santas que significam, e, quando possível, o povo cristão possa mais facilmente apreender-lhes o sentido e participar neles por meio de uma celebração plena, ativa e comunitária”. (SC, 21)
Neste ponto, é importante recordar que o Concílio foi meticuloso nas pesquisas e estudos e cauteloso em todas as adaptações realizadas (cfr. SC, 23 e IGMR, 10-15), deixando claro que, além das autoridades competentes, “ninguém mais, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for, em matéria litúrgica”. (SC, 22§3).
Conhecer as “Instruções Gerais” de cada celebração, preparar com diligência os objetos e ministros necessários para bem executar o rito, celebrá-lo com piedade e consciência e explicar, quando oportuno, no sentido dos vários sinais nele contidos é fundamental para que todos – celebrante e comunidade – se beneficiem da graça contida na Sagrada Liturgia.
Às vezes, gasta-se tanto tempo e energia em elaborações complicadas, e muitas vezes arbitrárias, de “apêndices” às celebrações litúrgicas, que nubla-se a bela e nobre simplicidade que deve brilhar em toda celebração (cfr. SC, 34). Palavras e gestos, músicas e silêncio, ministérios variados, tudo isto o pode e deve ser bem vivido segundo as normas já estabelecidas pela Igreja, para que aconteça mais perfeitamente a glorificação de Deus e a santificação dos homens (cfr. SC, 5) e também o povo possa alimentar-se da riqueza oracional e doutrinal, contida nos ritos sagrados (SC, 33).
Dom Edney Gouvêa Mattoso – Bispo da Diocese de Nova Friburgo
Jornal “A voz da Serra” – 21/05/2013
(Artigo: “A voz do Pastor” – “Ano da fé: a reforma da Sagrada Liturgia”)
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