Mensagem para o dia dos pais – II
“O amor que São José teve a Jesus”
A longa familiaridade entre pessoas amigas e, às vezes até mesmo entre parentes, pode ter como consequência um resfriar do amor, porque, quanto mais tratam uns com outros, tanto mais conhecem os defeitos mútuos. Mas não foi assim com São José. Quanto mais convivia com o divino Redentor e com a Santíssima Virgem, tanto mais pode comprovar a santidade de ambos.
Em primeiro lugar, devemos considerar o amor que José teve a Jesus. Já que Deus destinou o Santo a servir de pai ao Verbo humanado, com certeza infundiu-lhe no coração um amor de pai, e de pai de um Filho tão amável, e que ao mesmo tempo era Deus. O amor de José não foi, portanto um amor puramente humano, como o dos outros pais, mas um amor sobre-humano, visto que na mesma pessoa via seu Filho e seu Deus.
Bem sabia José, pela revelação divina recebida do Anjo, que o Menino que via continuamente em sua companhia, era o Verbo divino, feito Homem por amor dos homens, mas especialmente dele. Sabia que o Verbo mesmo o havia escolhido entre todos para guarda de sua vida e que queria ser chamado seu Filho. Com que incêndio de amor devia estar abrasado o coração de José, ao considerar tudo isso e ao ver seu Senhor, que lhe servia como oficial, ora abrindo e fechando a loja, ora ajudando-o a serrar a madeira, ora manejando a plaina ou o machado, ora ajuntando os cavacos e varrendo a casa; numa palavra, que lhe obedecia em tudo que lhe mandava e não fazia nada sem o consentimento daquele que considerava como seu pai.
Que afetos não deviam ser despertados no coração de José, quando O tinha nos braços, O acariciava, ou recebia as carícias daquele doce Menino! Quando escutava as palavras de vida eterna, que foram como outras tantas setas a lhe ferirem o coração! Especialmente quando observava os santos exemplos de todas as virtudes que o divino Menino lhe dava! Como vimos, a longa convivência de pessoas que se amam mutuamente, muitas vezes resfria o amor; porque, quanto mais convivem, tanto mais descobrem mutuamente os defeitos. Não foi assim com São José: quanto mais convivia com Jesus, tanto mais Lhe descobria a santidade. Conclui disso, quanto deve ter amado a Jesus, cuja companhia gozou, na opinião dos autores, pelo espaço de vinte e cinco ou trinta anos![1]
Que bela sorte foi a de São José por ter vivido tantos anos em companhia de Jesus e Maria! Naquela família não se tratava senão da maior glória de Deus; não havia outros pensamentos ou desejos senão a vontade de Deus; não se falava senão sobre o amor que Deus tem aos homens e que os homens devem a Deus. Oh, se nós também soubéssemos aproveitar-nos da oportunidade, teríamos igualmente a ventura de viver com Jesus, presente na Santíssima Eucaristia. Procuremos, portanto visitá-Lo frequentemente, e unamos os nossos afetos aos de Maria e José!
“José, diz o Cardeal Vives, em sua Summa Josefina, mereceu a honra, a nobreza conveniente à paternidade divina. Ora, entre estas condições está a virgindade. O Pai Eterno, a Pureza em essência não podia confiar a guarda de seu Filho senão a um Pai virgem na terra. José é Pai putativo (diz-se de tudo aquilo que tem aparência de legal ou se supõe verdadeiro, embora na realidade não o seja), genealógico, jurídico, legal, adotivo, nutrício, virginal, afetivo e de ofício, do Filho de Deus encarnado”. Só por estes títulos podemos ver a sua grandeza. “Nenhuma criatura – diz o Pe. Sauvé em sua obra “Saint Joseph Intime” – foi tão honrada por Deus, depois de Maria. Só vós, ó São José, merecestes a honra de ser o Pai jurídico e genealógico de Jesus. Só vós, por vosso matrimônio com Maria, possuístes como propriedade vossa a Maria, a Virgem das virgens, e Jesus, o Rei das virgens.”[2]
Quão poderoso é o patrocínio de São José avalie-se pelo fato de que, juntamente com Maria, gozou da familiaridade mais íntima de Jesus Cristo. Os amigos mais íntimos dos monarcas terrestres têm mais influência para obterem graças. Devemos por isso crer que, como a santidade de São José, exceção feita da de Maria, excede a de todos os demais Santos, assim a intercessão de São José, depois da de Maria, é mais poderosa para com Deus do que a intercessão de qualquer outro Santo.
Acresce que a divina Mãe, como querendo recompensar o amor que São José Lhe teve e os serviços que Lhe prestou em vida, faz todo o empenho para que os rogos de seu santo Esposo sejam atendidos, pelo que, quem se assegura a proteção de São José, goza ao mesmo tempo a de Maria.
Oração a São José
Ó glorioso São José, escolhido por Deus para ser o pai adotivo de Jesus, puríssimo Esposo de Maria sempre Virgem, e chefe da Sagrada Família, escolhido por isso pelo Vigário de Cristo para ser o celeste Padroeiro e Protetor da Igreja fundada por Jesus: com a maior confiança imploro neste instante o vosso auxílio poderoso para a Igreja militante. Protegei de um modo especial, com amor verdadeiramente paterno, ao Sumo Pontífice, a todos os Bispos e Sacerdotes, unidos na santa fé de Pedro. Sede o defensor de todos aqueles que, entre as angústias e tribulações desta vida, trabalham para a salvação das almas, e fazei com que todos os povos se submetam com docilidade à Igreja, para todos o meio indispensável de salvação.
“Dignai-vos, ó amadíssimo São José, aceitar a consagração que de mim mesmo vos faço. A vós me consagro inteiramente, a fim de que sejais sempre meu Pai, meu Protetor, meu Guia no caminho da salvação. Impetrai-me uma grande pureza de coração e grande amor à vida interior. Fazei com que, a vosso exemplo, todas as minhas ações se dirijam para a maior glória de Deus, em união com o Coração Divino de Jesus, com o Coração Imaculado de Maria e convosco. Finalmente rogai por mim a fim de que possa ter parte na paz e alegria que gozastes na vossa santa morte.”[3]
“E Vós, Senhor, que na vossa inefável providência Vos dignastes escolher o Bem-aventurado José para esposo de vossa Santíssima Mãe, concedei-me propício que mereça ter como intercessor no Céu àquele a quem na Terra venero como meu Protetor.” Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.
(segue um cartão de lembrança para os pais em alta resolução)
[1] Cf. CRISTINI, Thiago Maria. Meditações para todos os dias do ano tiradas das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja.Herder e Cia., tomo II, págs. 52 – 54, Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921.
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