Ensina-nos Monsenhor João Clá, no seu V volume de comentários sobre os evangelhos, que: “Ao criar o homem com necessidade de se alimentar, quis Deus estabelecer na nutrição o sustento da vida natural. Esta situação é imagem da vida da graça, cuja base também é um alimento celeste: a Eucaristia”. [1]
Sendo assim, a Eucaristia é o sustento da vida sobrenatural do cristão, portanto se nos for lícito estabelecer uma hierarquia entre os vários sacramentos cristãos, não há dúvida de que a Eucaristia deve ser vista como o primeiro sacramento em dignidade, quer considerada em si mesma quer em relação com os outros sacramentos. [2]
Por essa razão o centro da vida da Igreja é a Eucaristia e assim sendo deve ser o centro da vida de todo católico, e a fé na presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo deve continuamente crescer em nossas almas, especialmente no mundo moderno tão materialista e ateu em que vivemos. Além dos inúmeros ensinamentos deixados por Jesus sobre este insoldável sacramento nas Sagradas Escrituras, são incontáveis os milagres realizados pela Divina Providência ao longo dos séculos para confirmar na fé o povo de Deus: o milagre de Orvieto, de Lanciano, de Santarém, etc.
Entretanto, há um fato que se deu mais recentemente, na década de 90, nos Estados Unidos e que talvez poucos o conheçam. O fato prodigioso me foi contado por um sacerdote Jesuíta em Portugal e talvez seja, não tão grandioso quanto estes mencionados, mas que tem o mérito exatamente de estar mais próximo de nós e também o de ser pouco conhecido.
O fato se deu em outubro de 1995 quando o Papa Beato João Paulo II visitou os Estados Unidos. Durante sua estadia o Santo Padre foi convidado para fazer uma rápida visita ao Seminário de Santa Maria em Baltimore, apesar de estar com o programa muito apertado naquele dia. Por isso a visita consistiria apenas em uma recepção na escadaria da parte dianteira do seminário, entretanto, para surpresa de todos, ao sair do carro o Papa manifestou o desejo de ir à capela, pois queria rezar ali uma pequena oração.
Não é fácil compreender quão extensa e detalhada é a segurança em uma visita papal. Talvez os que estiveram no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude viram um pouco como é complexa a coisa. Uma equipe inspeciona antecipadamente cada polegada da estrada, usam-se dispositivos para detectar possíveis explosivos escondidos, protege-se cada polegada quadrada do espaço que ele deve ocupar ou de que deve estar próximo. Até cães fazem parte da equipe. Quando pressentem a presença de uma pessoa viva, param, apontam seus narizes e uivam.
Quando o Santo Padre anunciou seu desejo de ir à capela, podemos bem imaginar o embaraço em que se puseram a equipe de segurança que não tinha vistoriado o interior do edifício e muito menos a capela. Atrasaram alguns minutos sua Santidade enquanto entravam correndo pelo edifício para inspecioná-lo. Eram vários homens e dois cães. Estes cães, ansiosos, atravessaram rapidamente salões, escritórios, e salas de aula, e foram corredor abaixo para a capela. Quando aí entraram os homens deixaram os cães ir à frente. Por todos os lados os cães farejam freneticamente sem nada encontrar, mas quando chegaram próximo ao Sacrário aí pararam imediatamente, apontando seus narizes e começando a uivar, recusando-se a sair. Estavam convencidos que tinham descoberto ALGUÉM. A atenção ficou fixada no sacrário até serem chamados pelos donos atônitos, sem entender… entendendo!
Tinham descoberto no sacrário Jesus, o Filho Eterno de Deus, que ali estava verdadeiramente no Santíssimo Sacramento.
É espantoso ver que até o reino animal reconhece a presença de Jesus no Santíssimo Sacramento, e quantos homens redimidos pelo sangue preciosíssimo deste mesmo Jesus, entretanto o negam.
[1] CF.Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP: o inédito sobre os Evangelhos. Volume V.
[2] CF. MARTINS, Cardeal Saraiva. In: Eucaristia “Coleção Estudos Teológicos”. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2002.
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