A Mãe de todas as Misericórdias

Ao discorrer sobre o pecado, São Francisco Xavier dizia ter mais temor, não da queda em si, mas do desânimo em relação à indulgência divina no qual pode cair o pecador após cometer a falta.

Ora, a maneira de não incorrermos nesse desânimo é nos lembrarmos da Mãe inesgotavelmente misericordiosa que temos. E em possuindo essa misericórdia inexaurível, Nossa Senhora nos alcança as graças para nos emendarmos, e sua clemência se exerce perdoando, contemporizando, regenerando.

De sorte que nunca será demasiado insistir: confiemos, confiemos e confiemos na Santíssima Virgem. Lembremo-nos sempre da extrema meiguice e da extraordinária condescendência de nossa Mãe para com as misérias de cada um de nós, individualmente considerado, e como, imbuídos dessa confiança, na oração da Salve Rainha A honramos enquanto Soberana do universo, mas, ao mesmo tempo, A invocamos como Mãe, e Mãe de Misericórdia.

Importa termos continuamente presente essa ideia da insondável clemência de

Nossa Senhora, pois qualquer devoção, qualquer vida de piedade que não a tenha, corre o risco de ser completamente estiolada. Sem esta noção da misericórdia de Maria nada caminha, nada se realiza. Pelo contrário, tudo anda e cobra novo vigor com a ideia dessa providência indizivelmente suave, materna e contínua de Nossa Senhora sobre cada um de nós.

Portanto, pensemos nessa verdade e procuremos cumular nossa alma de confiança e de alegria, pois quem possui uma Mãe assim não tem razão para se desesperar nem se abater com nada. Nossa Senhora tudo resolve, desde que nos voltemos para Ela. Devemos pedir-Lhe sempre o seu amparo, recordando-nos daquela sentença de Santo Afonso de Ligório: “Quem reza se salva, quem não reza, se condena”. Aquele que pretendesse passar a vida praticando atos de virtude sobre atos de virtude, porém sem rezar, primeiro não passaria a vida praticando atos de virtude e, segundo, acabaria por se perder. Por outro lado, quem vive no pecado, mas reza, este ainda é capaz de se salvar.

Supliquemos muito à nossa Mãe de Misericórdia que tenha pena de nós. Olhemos para as nossas dificuldades espirituais, para os problemas que mais nos atormentam, para as nossas necessidades da vida quotidiana e roguemos com insistência o auxílio de Maria Santíssima. Ela nos atenderá infalivelmente. O Coração Imaculado de Maria é a porta na qual, em se batendo, nos é aberta; ao qual, em se Lhe pedindo, nos é dado. Na Mãe de Misericórdia a promessa do Evangelho se realiza com toda a integridade: “Pedi e recebereis, batei e ser-vos-á aberto” (Mt 7,7).

Pensamento muito belo e piedoso e que nos estimula a recorrermos sempre à Santíssima Virgem com confiança é o de doutor Plinio Corrêa de Oliveira: “N´Ela devemos confiar como uma flor (se dotada de inteligência) o faria em relação ao jardineiro: convicta de que este a regará quando houver necessidade, a protegerá do sol, a colocará na estufa quando o tempo for adverso, enfim, por ela realizará tudo. Assim cumpre ser nossa entrega nas mãos de Maria Santíssima, sabendo-A infatigavelmente acessível, solícita, bondosa, pronta a nos atender e socorrer a qualquer momento, desde que o supliquemos, como a mãe repleta de desvelo, o dia inteiro, junto ao filho estremecido”[1].


[1] Cf. Revista doutor Plinio, 103, outubro de 2006.