Arminho, modelo de virtude
“Deus disse: ‘Produza a terra seres vivos segundo suas espécies, animais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo suas espécies’. E assim se fez. Deus fez os animais selvagens segundo suas espécies, os animais domésticos segundo suas espécies e todos os répteis do solo segundo suas espécies. E Deus viu que era bom. Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e segundo nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos e todos os animais selvagens e todos os répteis que se arrastam sobre a terra’”(Gn 1,24-26).
A perícopa bíblica acima faz menção ao sexto dia da criação, ocasião em que Deus criou os animais e o homem, o último à sua imagem e semelhança. Mas isso não quer dizer que as outras obras da criação não reflitam a Deus. Todas as criaturas possuem aspectos que pode refletir uma virtude que se encontra em grau supremo no Criador.
Santo Tomás ao se referir aos animais, diz que em geral, entre os animais, os mais perfeitos são os terrestres, mais que as aves e os peixes. Não porque os peixes careçam de memória, como afirma Basílio e nega Agostinho; senão pela distinção de membros e a perfeição generativa […].[1]
Entre os animais terrestres se encontra um que é pequeno, carnívoro, tem o corpo longilíneo, patas curtas, pescoço longo, cabeça pequena e triangular, cauda comprida, orelha arredondada e bigodes grandes. Essas são algumas características de um animalzinho que tem por habitat as Taigas, mais conhecidas como Florestas de Coníferas: o arminho. Espécie de mamífero não muito conhecida que vive abaixo da Linha do Equador. Na Europa seus pelos revestem os mantos reais desde a Idade Média. Animal, como já dito, pequeno, nos períodos de primavera e verão sofre mudanças de cor em seus pelos, tornando-se mais escuros, na maioria das vezes marrom, e no período do outono e inverno torna-se branco como a neve, com exceção da ponta de seu rabo, que em todas as estações do ano permanece preta.
Apesar de ser muito procurada, em especial no período medieval, a espécie não entrou em extinção e, de acordo com estudos recentes, está distante de entrar nesta lista, pois além de estar presente nas regiões frias (Canadá, Noruega, Suécia, Finlândia, Rússia), também fora levada à Nova Zelândia.
Deus serve-se de aspectos dos animais para dar exemplo aos homens de virtudes a serem praticadas. O arminho nos convida à prática da virtude da pureza. Para apanhá-lo os caçadores espalham lama à certa distância em torno de sua toca (normalmente estas caças são feitas no período que sua pelagem está branca), quando o arminho sai da toca, vê-se cercado pela sujeira. Basta agora fechar o retorno à toca e apanhá-lo, pois ele nunca suja sua pelagem.
Quantos santos agiram como o arminho. Preferiram a morte a manchar a virtude da pureza. Assim agiu Santa Maria Goretti, Beata Albertina Berkenbrock, Beata Lindalva, entre outras que foram martirizadas por não quererem manchar-se na impureza.
Deus criou um pequeno mamífero para dar uma lição ao homem, para lhe ensinar que é melhor morrer por uma causa justa a se manchar na iniquidade, morrer para continuar na brancura da pureza a se sujar na lama da impureza, para que depois de mortos, como o arminho, não servir de manto para um rei da terra, mas para sim ao Rei do reis, Nosso Senhor Jesus Cristo, que virá nos fins dos tempos, com sua Mãe Santíssima, para reinar e dar a recompensa aos inúmeros arminhos de espírito de todos os tempos.
[1] AQUINO, Tomás de, SUMA TEOLÓGICA. Tratado de la criación corpórea. Cuestión 72, El sexto día. pag. 654
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