Oração da Quaresma

Caros amigos, para o cristão há uma íntima ligação entre oração e vida: assim como o existir é dinâmico, também a oração deve sê-lo. É verdadeiro o adágio que diz, “vivemos como rezamos e rezamos como vivemos”. Gostaria que, rezando melhor a liturgia, vivamos com mais perfeição a Quaresma.

Para tanto, meditemos alguns textos que a Santa Mãe Igreja compendiou em sua liturgia e que são fruto da profunda da profunda vida orante do Povo de Deus, e também incentivo e catequese, para que as futuras gerações possam desfrutar desse tesouro da tradição litúrgica. Gostaria de chamar a atenção para alguns prefácios eucarísticos deste tempo quaresmal.

O primeiro prefácio fala de nossa atitude interior de conversão: devemos viver a Quaresma como uma espera “alegre” das festas Pascais, “que dão vida nova e nos tornam filhos de Deus” e às quais devemos acorrer “de coração purificado, entregues à oração e à prática do amor fraterno”. Portanto, Quaresma não é sinônimo de tristeza, mas de alegria, não da alegria despreocupada do mundo, mas do júbilo da conversão. Não podemos esquecer a realidade de nossa luta interior, por vezes dura, mas que procura alcançar a mesma vitória de Cristo.

“Neste tempo de graça e salvação”, vamos nos esforçar pra que livres “do egoísmo e das outras paixões desordenadas”, nos desapeguemos das “coisas da terra” (cfr. Pref. II da Quaresma), certos de que Deus acolhe “nossa penitência como oferenda à sua glória”, e “quebrando o nosso orgulho, imitemos a misericórdia de Deus repartindo o pão com os necessitados” (cfr. Pref. III). O verdadeiro jejum leva à caridade fraterna, que brota naturalmente de um coração entregue a Deus.

De fato, pela penitência da Quaresma, Deus “corrige nossos vícios, eleva nossos sentimentos, fortifica nosso espírito fraterno e nos garante uma eterna recompensa, por Cristo, Senhor nosso” (cfr. Pref. IV).

Neste tempo de conversão somos convidados a caminhas, a exemplo do antigo povo de Deus, pela “estrada do Êxodo, para que aos pés da montanha sagrada, humildemente tomemos consciência de nossa vocação de povo da aliança e celebremos os louvores de Deus, escutando sua Palavra e experimentando seus prodígios” (cfr. Pref. V).

Conscientizar-nos de nossa vocação e missão é algo urgente e belo! Não podemos seguir o Senhor às escuras. Deus caminha a nossa frente para levar-nos à vida plena, passando pelos Calvários de nossa existência nos liberta de nosso egoísmo, e nos compromete com a verdade e a fraternidade.