Eucaristia: Sacramento da fé

Caros amigos, o Ano Eucarístico em nossa Diocese é um tempo de crescimento pessoal e comunitário muito importante. Pela Eucaristia recordamos nossa origem na primitiva comunidade dos discípulos de Jesus, que era unânime “em ouvir os ensinamentos dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2,42).

Neste sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus manifesta-se e realiza-se aquela unidade de coração e alma dos tempos apostólicos (cf. At 3, 32). Esta unidade é primeiramente invisível: é nossa união espiritual a Jesus Cristo, e, por Ele, ao Pai no Espírito Santo, e aos irmãos: é a caridade, chamada “vínculo de perfeição” (cf. Cl 3, 14), e sem a qual ninguém se salvará (Cf. 1Cor 13, 1-3; LG 14).

Mas, como acontecia com os primeiros cristãos, também hoje este vínculo invisível deve manifestar-se visivelmente “pelos laços da profissão da fé, dos sacramentos, a união com os legítimos pastores e da comunhão” (LG 14). Não é congruente, portanto, que se aproxime da comunhão eucarística aquele que não está em comunhão com a fé da Igreja (Cf. EE, 35 e 38). A Eucaristia não é um colóquio agradável entre camaradas ou sócios, onde sobressaem os vínculos externos e superficiais de pessoas que não querem viver seriamente a comunhão; mas é sinal de unidade. Assim, o vínculo sacramental deve ser “preparado pela Palavra de Deus e pela fé, que é assentimento a esta Palavra” (Catecismo, 1122).

A fé proclamada e ensinada deve ser acreditada (Lex credendi). É a mesma fé celebrada nos sacramentos (Lex orandi), pois tanto a mensagem da fé como a celebração litúrgica têm origem na mesma “tradição viva da Igreja”, herdada dos apóstolos. Por isso é tão pertinente o tema proposto para este ano: “Eucaristia e Missão”; porque ambos têm lugar e sentido na unidade, ambos fortalecem e conduzem a unidade, ambos manifestam ao mundo a unidade.

De fato, ninguém pode ser enviado por Deus para separar os irmãos, criar guetos, comunidades indiferentes à verdadeira e única Igreja. Nosso Senhor Jesus Cristo, autêntico missionário do Pai, veio para “reunir os filhos de Deus dispersos” (Jo 11, 52); daí o “efeito unificador” que tem a participação no banquete eucarístico (cf. EE, 23).

Quando o Evangelho chegar até os confins da Terra, desde onde nasce o sol até onde ele se põe, e oferecermos um “sacrifício puro” (cf. Ml 1, 11), só então viveremos a civilização do Amor. Não descansemos nossa consciência enquanto não chegarmos a esta unidade querida por Deus.