Colégio Arautos do Evangelho – Nova Friburgo
“Todas as gerações me chamarão Bem-Aventurada, porque o Poderoso fez grandes coisas por Mim!” (Lc 1, 48). Ao proferir essas palavras, quiçá a Virgem Maria já previsse que, ao longo dos séculos, “as gerações”, como terna manifestação de amor, venerariam pinturas, imagens, relíquias e outros objetos consagrados à sua memória, tendo-A presente, inclusive, no planejamento escolar…
No dia 11 do corrente mês, foi realizada no Colégio Arautos do Evangelho – Nova Friburgo, por alunos e professores, mais uma Mostra Cultural, com o tema: “A Mãe do Bom Conselho e os Arautos do Evangelho”.
Os pais dos alunos estiveram presentes e puderam comprovar o aproveitamento dos filhos, à vista de um trabalho interdisciplinar criativo, dinâmico e produtivo que promove aprendizagens significativas por abarcar atividades de pesquisa, análise de dados e interpretação. Para a exposição do tema os alunos utilizaram a imaginação e lançaram mão de painéis fotográficos, pequenas apresentações teatrais, culinária típica e representações em maquetes.
Além de apresentarem a origem do milagroso afresco que se mantêm no ar por cinco séculos, o seu prodigioso translado sobre o Mar Adriático de Scutari até Genazzano e os abundantes milagres alcançados por inúmeros fiéis ao longo dos séculos, os alunos dedicaram especial atenção na íntima relação entre a Mãe do Bom Conselho de Genazzano e a história dos Arautos do Evangelho, por ser esta invocação de Nossa Senhora muitíssimo cara a Dr. Plinio, inspirador e formador de Monsenhor João Clá Dias, EP, fundador desta instituição.
Por sua vez, Monsenhor João também alcançou inúmeras graças e auxílios espirituais por meio da Mãe do Bom Conselho em diversas ocasiões de sua vida, que o fortaleceram nas sendas de sua vocação.
Assim, os alunos puderam crescer em conhecimento e piedade por meio de um trabalho bem preparado e atrativo.
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Síntese da história da Mãe do Bom Conselho de Genazzano, extraído do prefácio escrito por Dr. Plinio à obra “Mãe do Bom Conselho”, de autoria de Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias.
Na Albânia, no século XV, a Religião corria grave risco: de um lado, o fervor da população católica estava em declínio; de outro lado, assaltavam-na com crescente furor as hordas dos invasores maometanos, cujo objetivo era destruir até à raiz a Fé Católica em território albanês. Para evitar a catástrofe, a Providência suscitara um herói comparável, pelo destemor e pela Fé, aos pares de Carlos Magno e aos batalhadores mais salientes das Cruzadas e da Reconquista luso-hispânica: Scanderbeg. Enquanto ele viveu, a Albânia resistiu. Ele morto, em seguida a feitos heroicos e gloriosos, a resistência albanesa se esboroou. Explicável castigo para uma população atolada na tibieza.
Além de Scanderbeg — e quão superior a ele — havia na Albânia outro pilar da Cristandade abalada. Era a Imagem — um afresco — de Nossa Senhora então chamada “dos Bons Ofícios” (invocação análoga à de Nossa Senhora Auxiliadora, hoje generalizada em todo o mundo católico). Essa Imagem, venerada em Santuário próximo de Scutari, ocasião de tantas e tão preciosas graças para aquele povo corrompido pela tibieza, cairia nas mãos do invasor maometano?
Era o que se perguntavam com ansiedade dois devotos albaneses, Georgio e De Sclavis, dignos representantes do que a Albânia ainda conservava de fiel.
A resposta a essa pergunta não tardou. A Imagem se destacou lentamente da parede, ante os olhos atônitos dos dois devotos compatriotas do grande Scanderbeg. Ela se alçou e foi prosseguindo em direção às águas do Mar Adriático. E se foi deslocando sempre em igual direção, ao mesmo tempo em que fazia entender aos dois albaneses que queria ser seguida por eles. Com fé e estofo moral análogos aos de Scanderbeg, ambos os albaneses não hesitaram. Foram caminhando milagrosamente sobre as águas, até que a Imagem atingisse o território da catolicíssima Itália.
Um mundo que desaba, vítima de sua crise religiosa e moral, mais ainda do que do vigor do terrível adversário, dois fiéis que continuam a crer e esperar contra toda a esperança, e um milagre estupendo a coroar a perseverança deles: eis em síntese o esquema do até aqui narrado.
Esses fatos, dignos de toda a atenção até em seus pormenores, são descritos mais adiante por João Scognamiglio Clá Dias em estilo fluente, rico de piedade e entusiasmo. Disposições de alma estas que transluzem frequentemente no texto, inclusive pela saborosa repetição de vários conceitos.
Em condições concretas muito diversas, o mesmo esquema se desenvolverá em traços muito largos, mas análogos, até nossos dias.
A ligar um esquema a outro, figura uma misteriosa e cruel provação, da qual são partícipes os dois valentes albaneses, mais uma idosa italiana, a Beata Petruccia, cujo valor de alma tinha proporção com os dois heróis, escolhidos por Nossa Senhora do Bom Conselho para Lhe constituírem imortal escolta de honra na travessia do Mar Adriático.
Com efeito, enquanto ambos os albaneses continuavam a seguir a Imagem pelo território italiano, esta… desapareceu. E foi encher de celestes consolações a alma de Petruccia, então no auge de seu revés e de sua provação.
É o momento de dizer uma palavra sobre esta grande figura de mulher forte do Evangelho, que Nossa Senhora elegera para Lhe erguer o Santuário mil vezes abençoado em que a Imagem d’Ela está exposta à veneração de incontáveis fiéis, desde há cinco séculos.
Era ela uma viúva dotada de alguns bens. Muito piedosa, fora favorecida com uma visão na qual a Santíssima Virgem a incumbia de restaurar a Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Genazzano, então ameaçada de ruir.
Para tal fim, Petruccia recorrerá à caridade dos fiéis. Mas o atendimento destes deixara a desejar. E as esmolas obtidas por Petruccia de modo nenhum bastavam para a execução da obra. Animosa, resolverá ela então aplicar na construção o restante de seu patrimônio pessoal. Mas até mesmo este fora insuficiente, pelo que as obras ainda estavam longe de ter chegado ao termo.
Tal insucesso atraía sobre a Beata os sarcasmos injustos dessa mesma população que dera tíbio atendimento aos pedidos dela. Mas Petruccia continuava animosa, apesar de seus oitenta anos, confiando com firmeza no auxílio da Santíssima Virgem.
Foi, pois, imensa e maravilhosa a surpresa dela, e a de toda a população de Genazzano, quando, na tarde do sábado 25 de abril de 1467, viram pousar sobre o lugarejo uma nuvem de aspecto admirável, da qual partiam os sons de uma música não menos bela. Aos poucos, destacou-se da nuvem o quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho, o qual foi pousar sobre o altar que, na previsão da futura conclusão das obras, Petruccia fizera erguer.
Estava confirmada a visão da Beata Petruccia. Tornava-se manifesto que a Santíssima Virgem desejava a conclusão das obras. E a população, que acorrerá enlevada para prestar culto à Imagem, haveria de contribuir generosamente, de então em diante, para a construção da igreja. Esta não tardou em ser concluída. E, enquanto nela os fiéis veneram o quadro da Virgem e do Menino, maravilhosamente transportado de Scutari pelos Anjos, nela também dormem o sono da paz os restos mortais da Beata Petruccia, à espera da ressurreição final.
Os dois albaneses, que haviam ficado desconcertados pelo desaparecimento de sua tão querida Imagem, ignoravam o aparecimento desta última em Genazzano. E andavam sem rumo pela Itália, na vã procura de seu tesouro perdido.
Quando lhes chegou aos ouvidos a notícia do ocorrido no lugarejo em que residia Petruccia, para lá se dirigiram. É fácil calcular quanto se maravilharam e se alegraram ao reencontrarem ali o quadro celestial. Estava assim terminada a missão deles, a qual consistia, neste lance final, em atestar a identidade entre o quadro venerado em Scutari e o que empolgava toda Genazzano.
Georgio e De Sclavis casaram em Genazzano e deixaram descendência; a de Georgio se conserva até aos dias de hoje.
Os pontos de contato são evidentes: a missão dos dois albaneses se conectava com a de Petruccia. Guiados pela Virgem, os três trabalhavam, através de toda a sorte de obstáculos e provações, para um mesmo fim. Este acabou por ser alcançado gloriosamente, sempre sob a direção materna de Maria Santíssima.
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