Quem se deleita em permitir que a imaginação voe pelo universo do belo, decerto terá alguma vez representado em sua mente uma rainha perfeita.
Possuirá essa personagem arquetípica, sem dúvida, uma fisionomia reluzente de elevação e ternura, um nobilíssimo porte, realçado pela formidável beleza do vestido e pelas raras joias com que se adorna. Sua morada será um palácio de conto de fadas, repleto de maravilhas quase paradisíacas. E haverá naturalmente junto a ela uma imaginária princesa, digna filha dessa soberana perfeita, tão extraordinariamente formosa e distinta como sua mãe.
Esta inocente distração traz por certo ao espírito uma alegria, reflexo do gáudio que teve o Padre Eterno ao criar o homem, arquetípico microuniverso da criação. Amou-o de tal maneira que quis formá-lo à sua própria imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26), e lhe deu para governar e guardar as maravilhas da natureza mineral, vegetal e animal (cf. Gn 2, 15).
Ora, em cada um desses planos da criação Ele pôs seres de maior ou menor grau de beleza, perfeição ou utilidade. Nesse sentido, a ametista é mais rara e valiosa que o granito; a arara é mais bonita que o corvo; o pavão, mais nobre que o avestruz; o leão, rei dos animais, ultrapassa em força e majestade todos os outros. E assim por diante.
No universo das flores, Deus criou uma tão excelsa que vem a ser considerada “rainha”: a rosa. Entretanto, será ela a única a presidir este mundo de perfumes e cores? Não haverá toda uma “corte” de nobres flores ornando-a e acompanhando-a? Não haverá uma “princesa das flores” que participe especialmente da sua beleza e dignidade?
Como tudo o que o Criador faz é perfeito, deve existir no mundo ao menos uma flor que exerça tão gracioso papel. E deixando mais uma vez solta a nossa imaginação, nos atrevemos a apontar para uma delas: o brinco-de-princesa.
Pelo seu formato e colorido, que lembram uma joia toda feita de pedras preciosas, poderíamos pensar que Deus a criou como modelo para o brinco de uma princesa formosa e distinta, como a filha da nossa imaginária rainha.
Mas indo um pouco mais longe caberia se perguntar: não terá pensado nela a Providência ao criá-la como sendo a “princesa das flores”?
MAC ISSAC, Irmã Mary Teresa. Revista Arautos do Evangelho nº 145, Janeiro 2014, p. 51
(Inclusive as fotos)
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