Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme,
arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas
e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da
luz desta estrela. Se o vento das tentações se levanta, se o escolho
das tribulações se interpõe em teu caminho, olha a estrela,invoca Maria.
Se és balouçado pelas vagas do orgulho, da ambição,
da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria. Se a
cólera, a avareza, os desejos impuros sacodem a frágil embarcação
de tua alma, levanta os olhos para Maria. Se, perturbado pela
lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das
torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do juízo, começas
a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despencar
no abismo do desespero, pensa em Maria.
Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca
Maria. Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, jamais
abandone teu coração; e para alcançar o socorro da intercessão dela,
não negligencies os exemplos de sua vida. Seguindo-A, não te
transviarás; rezando a Ela, não desesperarás; pensando nela, evitarás
todo erro. Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada
terás a temer; se Ela te conduz, não te cansarás; se Ela te é favorável,
alcançarás o fim. E assim verificarás, por tua própria experiência,
com quanta razão foi dito: “E o nome da Virgem, era Maria”.
Das Homilias em louvor da Virgem Mãe, de São Bernardo, abade
(Hom. 2, 17, 1-33: SCh 390, 1993, 168-170)
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