Férias

 

Terminado o primeiro semestre de 2013, praticamente todas as pessoas, em especial os estudantes, fazem planos para as férias. Esse período proporciona a oportunidade de uma pausa na rotina diária de estudos e trabalhos empreendidos ao longo do ano. No entanto, esse momento benéfico, pode tornar-se prejudicial, caso não seja utilizado de forma correta. Como deve ser nosso planejamento para as férias? De que modo nosso espírito deve estar impostado nesse descanso?

Em primeiro lugar é preciso salientar o quanto é importante a rotina dos estudos e do trabalho, o exercício físico e mental, pois o homem que não se ocupa não cumpre com a lei natural e, dessa forma, não pode exigir o meritório descanso. Deus, no livro do Êxodo, exige do homem uma ocupação dizendo: Trabalharás durante seis dias e farás toda a tua obra (Ex 20,9).

Contudo, no Gênesis encontramos que: No sétimo dia Deus considerou acabada toda a obra que havia feito e no sétimo dia descansou de toda a obra que fizera. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, porque neste dia Deus descansou de toda a obra da criação (Gn 2,2-3). Nessa passagem se nota como o próprio Criador quis, ao término da obra realizada, “repousar”. Comenta Santo Ambrósio que Deus descansou após ter criado o homem: Fez o céu, não leio que descansou, fez o sol, a lua e as estrelas, nem aí leio que descansou, mas leio que fez o homem e então descansou, porque tinha alguém a quem perdoar os pecados. Ou talvez já estivesse então prefigurando o mistério da futura paixão do Senhor, pelo qual foi revelado que Cristo repousaria no homem, pois ele predestinava em seu corpo um repouso para a redenção do homem, conforme ele mesmo disse: eu dormi, repousei e despertei, porque o Senhor me levantou (Sl 3,6). Com efeito, aquele que fez, descansou (Examerão, 75).

Se o próprio Deus, a quem o descanso não é necessário, quis repousar, quanto mais necessário é o descanso para o homem, que dele necessita. No entanto, uma vez que é lícito, agradável e necessário ao homem o descanso, resta saber como deve ser administrado o tempo empregado no repouso, para não terminar em vícios como: ociosidade, preguiça, acomodação, que acabam por conduzir o homem ao erro.

São João Bosco, com seu sistema preventivo, advertia aos seus jovens, em seus sermões noturnos – conhecidos como “boa noite” – o perigo das férias mal conduzidas.

O período de férias deve ser conduzido de modo a recuperar as energias e preparar o homem, em seu todo, para o próximo período de estudos e trabalhos que terá que enfrentar.

Agora no campo espiritual isso se passa de forma diferente, pois não devem existir “férias” na vida de piedade, como afirma Davi buscando a glória de Deus: Não me deitarei no leito de meu repouso, não darei sono aos meus olhos, nem repouso à minhas pálpebras, até que encontre uma residência para o Senhor, uma morada ao Poderoso de Jacó (Sl 131,3-5). Monsenhor João Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho, exemplifica o fato através da comparação com uma escada rolante que se movimenta para baixo; a partir do instante em que se para, já se começa a descer. Agindo com este equilíbrio o homem poderá comer, beber e gozar do fruto de seu trabalho que é um dom de Deus (Ecl 3,13).

A alma deve desejar sim o descanso, o eterno descanso junto de Deus. Ele será a nossa alegria no descanso eterno juntamente com os anjos, os santos e com Nossa Senhora. Permita Deus que concluída a missão de cada homem na terra possa na eternidade merecer o repouso feliz. As férias devem, portanto, prefigurar em algo este prêmio que Deus reserva para aqueles que lutam por Ele.

Boas férias!