A Verdade que tanto amou os homens e por eles foi tão pouco amada

Quem não se encanta em admirar a ordem do universo criada por Deus? Em todo o seu equilíbrio, sua arquitetonia e perfeição, a natureza viva causa particular impressão em quem se detém por alguns instantes a contemplá-la.

No entanto, toda a obra criada por Deus tem, ao mesmo tempo, algo de semelhante e, algo de extremamente distinto do Criador. Semelhante porque assim como um artista ao reproduzir uma obra de arte, utilizando de seus dons e suas habilidades, imprime algo de seu caráter, de sua personalidade; assim também se sucede com Deus, que ao criar, deita o esplendor de suas perfeições na criatura, deixando um reflexo Seu, mais ou menos como um magnífico pintor, que ao terminar um quadro, finaliza-o com sua assinatura.

Em sentido contrário, se poderia dizer que uma vez sendo Deus puro espírito, perfeitíssimo, eterno e insondável, tudo o que foi criado por Ele é, diferente d’Ele, pois não há nada que se possa comparar à sua Grandeza. Qualquer coisa diante de Deus, por maior que seja, é menos que um átomo de grão de areia, tal é a imensidão que separa a vil matéria do Ser por excelência.

Porém, dentro desta perspectiva, se voltarmos nossos olhos, para um pequeno ponto, mas que em sua simbologia transcende a pequenez de sua realidade, poderíamos ter diversos princípios para nossa vida.

Alguém ao analisar, por exemplo, um pequeno lírio, que enfrentando as pragas provindas das selvas escuras, apesar do cansaço das intempéries e das más disposições climáticas, luta pela sua sobrevivência e anseia pela luz do Sol; poderia ter diante de si um exemplo pungente da “sede” que a alma humana tem da Verdade.

Esse desejo da Verdade Absoluta que é Deus, ao longo dos séculos compôs o maior drama da história. No fundo de nossa consciência geme a dúvida: “o que devo fazer para encontrar-me com A Verdade”? Com efeito, somente um ser poderia dar essa resposta: A própria Verdade.

Bem sabemos que esta se fez carne e habitou entre nós ha dois mil anos. E a resposta não foi outra: “Praticai os mandamentos”.

Com efeito, Nosso Senhor Jesus Cristo não indicou somente o caminho a seguir, mas, percorreu-o e com a cruz às costas. Definitivamente, Jesus Cristo Senhor nosso, constitui o mais alto modelo de santidade, o Santo dos Santos, que se fez homem, esteve entre nós e através de seus ensinamentos e exemplos, erigiu a instituição mais preciosa da história: A Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana que é o sustentáculo da verdade.

Contudo, a Verdade que deu sua vida por nós, foi açoitada, abandonada, traída, deixou-se crucificar entre dois pérfidos ladrões, deu seu lado direito para que fosse transpassado por uma lança; essa Verdade amou tanto os homens, porém foi tão pouco amada!

Para ser justo com “O Justo”, cumpre viver em um profundo espírito de penitência e uma entrega total para servir aquela que é o “Sacrário da Verdade”: A Santa Igreja. Apostolado, apostolado, apostolado! Este é o meio pelo qual seremos os “Cirineus” de nossa “Mãe e Mestra”, e seremos crucificados com ela no alto do Calvário.

Peçamos a Nossa Senhora, que a justo título é chamada “Mãe da Igreja”, que nos dê forças para levar a cabo tão nobre missão, fendendo os ares, rompendo os mares, levando de norte a sul essa esperança em farpa, com os olhos fixos no Sagrado Coração de Jesus e no Imaculado Coração de Maria, altivos de cabeça erguida, humildemente pedindo a Deus que capacite os escolhidos, e derrame sua graça dadivosa: criatura formosa, alegria do mundo inteiro, sangue da Igreja e seiva da Cristandade.