Qual joia em um escrínio

Todos os anos desde 543, quando foi consagrada a igreja de Santa Maria a Nova, em Jerusalém, a 21 de novembro, a Igreja, inicialmente no Oriente e posteriormente também no Ocidente, comemora a Apresentação de Nossa Senhora menina no Templo. Esse fato histórico, confirmado pela Igreja na liturgia, se encontra narrado no texto apócrifo conhecido como Protoevangelho de Tiago.

Beata Ana Catarina Emmerich, freira agostiniana, beatificada pelo Beato João Paulo II em 2004, em suas revelações místicas, traz belos detalhes desta apresentação no Templo de Jerusalém, daquela que seria o “Templo de Deus”.

Após subirem cinquenta degraus, espaçados por alguns patamares, São Joaquim e Santa Ana, acompanhados de numerosa comitiva de amigos e familiares, transpuseram, com a menina Maria, a Porta Dourada do Templo. Em seguida, “Maria foi acompanhada pelos sacerdotes até um pórtico ou grande sala, onde o cortejo se dividiu, seguindo as mulheres e crianças para o lugar que lhes estava destinado. São Joaquim dirigiu-se ao recinto do sacrifício, enquanto Santa Ana ficou substituindo o vestido da menina por outro azul violeta, ao mesmo tempo que lhe ajustou na cabeça uma coroa de grinaldas”.

Terminado o sacrifício ritual de um animal, “como alguns sacerdotes se aproximassem da Virgem, cortaram-lhe alguns cabelos, que foram queimados em brasas, enquanto os pais, pondo-lhe as mãos na cabeça, tomavam o compromisso da entrega dela, sendo a declaração transcrita em livros. Entretanto o coro entoava os salmos: Deus deorum e Eructavit cor meum”.

“O pai, ali presente com Santa Ana, tomou-a nos braços e com afetos de ternura apertou-a ao coração dizendo:

– Lembra-te da minha alma, diante do Senhor.

Feitas as despedida, separaram-se uns aos outros, tomando cada qual o seu destino. Maria subiu com as novas mestras e companheiras para as edificações, que se estendiam na ala setentrional do santuário”.

Neste momento Santa Ana comentou com algumas companheiras: “Ali está a Arca da Aliança e vaso das Promessas do Senhor”.

No Templo Nossa Senhora trabalhava em vários “serviços do asseio e reparação das alfaias do culto”.

“Crescendo em anos, foram distribuídos a Maria outros trabalhos como os de purificar os vasos dos sacrifícios e cozinhar as refeições para os sacerdotes e demais servidores do altar. A vida interior desta filha do Altíssimo era, porém, uma elevação contínua para Deus”.

Ali estava aquela que, em previsão dos méritos dAquele que seria seu Filho, fora concebida sem a mancha original, escolhida desde toda a eternidade para ser a Rainha dos anjos e dos homens, a medianeira universal de todas as graças, como uma joia preciosa guardada em um belo escrínio, preparando-se para a mais alta missão confiada a uma mera criatura: ser a Theotókos, a Mãe de Deus.

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