Enche nossos corações uma das visões de Soror Maria de Agreda a propósito de Nossa Senhora com os Reis Magos:

“Após a Circuncisão, São José propôs a Maria Santíssima deixar a gruta por causa da falta de conforto que o Menino Jesus e Ela mesma sofriam. Ela respondeu que estava pronta a fazer tudo aquilo que ele ordenasse e a segui-lo para todo lugar onde fosse. Mas São Miguel e São Gabriel, que serviam visivelmente ao Senhor e à sua Rainha, deram o seguinte aviso: Deus quer que os reis do Oriente adorem, eles mesmos, o Rei do Céu, o Verbo encarnado. Há dez dias que eles estão a caminho e eles não demorarão a chegar, segundo as profecias que os tinham anunciado”.

“Maria Santíssima preparou a gruta para receber os Reis Magos. Desejando preservar do frio o Menino Jesus, Ela O tinha sempre em seus braços, ordenando à intempérie que não incomodasse o seu Criador. A esta ordem, os ventos, a chuva e a neve pararam a uma distância de cinco medidas da gruta. São José e o Menino Jesus gozavam do calor desta maravilhosa ação de Nossa Senhora”.

“Freqüentemente, quando Ela tinha o Menino Jesus nos seus braços, Ela Se colocava de joelhos para O adorar e, se Ela tinha necessidade de Se sentar, Ela Lhe pedia permissão. De vez em quando Ela beijava os pés mas, para beijar o rosto, Ela solicitava o seu consentimento. O mais das vezes, o Menino Jesus Se inclinava sobre o seu Coração ou sobre seus ombros e envolvia seu pescoço com seus pequenos braços. São José participava também das carícias infantis de Jesus e sentia seus efeitos sobrenaturais, mas não com tanta freqüência quanto a Virgem Santíssima”.

“Foi nestas doçuras divinas que eles esperaram a vinda dos Magos, que deviam este nome às ciências que eles possuíam, e a mais nobre delas era sobre as Sagradas Escrituras do povo de Deus. Eles vinham originariamente da Pérsia, da Arábia e de Sabá. Possuíam reinos vizinhos e se comunicavam para transmitir as suas virtudes e conhecimentos. Um Anjo do presépio, em sonho, revelou-lhes com uma grande claridade o nascimento do Salvador e sua obrigação de ir adorá-Lo”.

“Após o sonho, eles se prosternaram e ofereceram suas homenagens ao Verbo Encarnado. Sem esperar, no mesmo dia, eles fizeram todos os preparativos da viagem e muniram-se de ouro, incenso e mirra sob uma misteriosa inspiração”.

“Ao mesmo tempo, o Anjo de Belém que lhes havia sido enviado formou com uma matéria do ar uma estrela muito brilhante, se bem que não fosse tão grande como as estrelas do céu. Chama luminosa durante a noite, ela não cessava de ser percebida durante o dia, malgrado o esplendor do Sol. Após de ter-se comunicado sua revelação e seu desígnio, eles perseguiram juntos seu caminho, glorificando a Deus”.

“Como a estrela desapareceu em Jerusalém, eles acreditavam que o Messias tinha nascido ali e puseram-se em alta voz a perguntar em que lugar eles O encontrariam. Herodes alarmou-se e consultou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, que lhe indicam Belém, de acordo com as profecias de Miquéias”.

“Saindo de Jerusalém, os Reis viram de novo a estrela, com extrema alegria. Ela os conduziu à gruta da Natividade, sobre a qual ela parou de início. Depois ela abaixou, diminuiu seu tamanho, entrou e colocou-se sobre a cabeça do Menino Jesus, que ela cobriu com seus raios. A Virgem Santíssima estava ornada de uma modéstia e de uma beleza incomparáveis, como de uma majestade sobre-humana, pelo que os raios que saíam de seu rosto A transfiguravam. O esplendor do Divino Infante, que Ela tinha em seus braços, era ainda maior e irradiava de sua adorável Pessoa uma tão doce e tão agradável luz que a gruta tornou-se um Paraíso”.

“Eles se prosternaram diante do Menino Jesus e O adoraram como o Salvador do mundo. Eles foram de novo iluminados pela graça e viram até mesmo os Anjos que estavam ordenados, com profundo respeito, em torno do Rei dos reis. Após ter rendido culto ao Divino Infante, eles felicitaram a Mãe e Lhe testemunharam sua veneração, dobrando os joelhos diante d’Ela e pedindo para beijar suas mãos. Após terem se prosternado de novo em uma fervorosa adoração ante o menino Jesus, os Magos felicitaram São José por ser o esposo da Virgem Mãe de Deus, e como sua visita já tinha transcorrido três horas, eles pediram à celeste Rainha a permissão de ir procurar um alojamento na cidade”.

“Eles enviaram provisões à Soberana do mundo, que os distribuiu aos pobres. Eles consultaram a Virgem sobre os mistérios da Fé, os deveres de sua consciência, o governo de seus Estados e Lhe ofereceram os ricos presentes, que Ela recusou graciosamente, mas, para consolo, lhes deu alguns panos de Jesus. Enfim, após terem recebido a bênção de Jesus, de Maria e de José, eles despediram-se dando o adeus com tanta ternura que parecia que seus corações iriam se romper em suspiros e lágrimas. No momento de saírem de Belém, uma estrela os conduziu por um outro caminho até o local de onde eles tinham-se encontrado. Eles tornaram-se apóstolos do Redentor e seu zelo encontrou poderoso auxiliar na relíquia que tinham levado e que tinham colocado em um relicário de ouro e de pedras preciosas. Deste relicário saía um perfume tão penetrante que se sentia quase a uma légua de distância, mas somente para aqueles que tinham Fé”.

“Maria e José dividiram em três partes o presente dos Reis Magos: uma parte foi destinada ao templo de Jerusalém, outra parte do ouro foi dado aos sacerdotes da Circuncisão pelo seu serviço e o da sinagoga e a terceira parte do ouro foi distribuída aos pobres”.