Quaresma tempo de preparação para a Páscoa do Senhor 


Como para todo grande acontecimento necessita-se de uma séria preparação, a Igreja, visando compenetrar e preparar seus filhos para o maior acontecimento da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, reserva em seu calendário litúrgico um período para elevar os cristãos, através do recolhimento, reflexão, jejum e abstinência a rejubilar-se com a vitória de Cristo sobre a morte. “Onde está, ó morte, a tua vitória? onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Cor 15, 55) Vitória esta sem a qual, como nos diz o apóstolo dos gentios, nossa fé não teria fundamento.

“Ora, se prega que Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos? Mas se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé”. (1Cor 15, 12- 14)

Este período de preparação para a Páscoa da Ressurreição denomina-se Quaresma. Etimologicamente “Quaresma” provém do latim “Quadragésima” e significa “quarenta dias”. A duração da Quaresma baseia-se em fatos ocorridos no antigo e no novo testamento como: os quarenta dias do dilúvio; os quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto; os quarenta dias de Moisés e de Elias no alto da montanha e, sobretudo, os quarenta dias que Jesus passou no deserto preparando-se no recolhimento e no jejum, para começar sua vida pública. Exemplo de como devemos nos preparar para os grandes momentos de provações e dificuldades, que, como Jesus teremos que enfrentar, pois como Ele mesmo disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me”. (Lc 9, 23)

A prática da Quaresma data do século IV, quando se dá a tendência a constituí-la em tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência solenemente marcada pela cor roxa. Conservada com bastante vigor, ao menos em um princípio, nas Igrejas do oriente, a prática penitencial da Quaresma tem sido mais abrandada no ocidente. A Igreja pede apenas, segundo o Código de Direito Canônico, que:

Cân. 1251 — Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Cân. 1252 — Estão obrigados à lei da abstinência os que completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. Todavia os pastores de almas e os pais procurem que, mesmo aqueles que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da abstinência e do jejum, sejam formados no sentido genuíno da penitência.

Com referência ao cânon 1251, a CNBB afirma que o fiel católico brasileiro pode substituir a abstinência de carne por uma obra de caridade, um ato de piedade ou comutar a carne por outro alimento, mas deve-se observar um espírito penitencial e de conversão.

A Quaresma inicia-se na ‘Quarta-feira de Cinzas’ e se estende agora até a ‘Quinta-feira Santa’ na missa do lava pés, como determinou o Papa Paulo VI em sua Carta apostólica aprovando as Normas Universais do Ano Litúrgico.

Ainda dentro deste período a Igreja celebra a Semana Santa, a começar com a entrada de Jesus em Jerusalém no Domingo de Ramos até à Quinta-feira Santa. A partir da missa vespertina da Ceia do Senhor inicia-se o Tríduo Pascal, que abrange a Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor e o Sábado Santo, e tem o seu centro na Vigília Pascal, concluindo-se com as vésperas do domingo da Ressurreição.