As fotos de Deus

Quem não se agrada de poder, de tempos em tempos, relembrar fatos da vida que marcaram especialmente? Seja a conquista de um objetivo, a aquisição de algo, um progresso profissional por causa de tal circunstância, o casamento, uma viagem… Ao nos recordarmos, normalmente buscamos um álbum de fotografias da ocasião! E, nos afastando do tempo, relembramos vários detalhes, revivemos aqueles momentos tão felizes. Comentamos: Puxa! Que fotos interessantes! Olhe, como essa expressa bem o ambiente daquele dia…! Veja fulano, como mudou! E mil outros comentários acabam surgindo.

No dia em que se deram estes episódios o fotógrafo, que tirou estas fotos, estava com inúmeras preocupações; como conquistar esse ou aquele ângulo; como acertar a quantidade de luz, entre outras. Passados os anos, hoje nem se lembra desses eventos nos quais tirou essas fotografias, no entanto, por causa dele, aqueles bons momentos nos vem à lembrança mais fortemente.

O blog hoje dedicará uma coluna para dar dicas fotográficas para bem se utilizar esse recurso, já tão avançado em tecnologia, que bem se pode chamar de: arte.

O inicio da fotografia é muito antigo, apesar da primeira foto ser tirada em 1826, vários homens já tinham feito experiências para atingir o grau de foto que hoje se conhece. O francês Joseph-Nicéphore foi quem conseguiu reproduzir a primeira imagem, no entanto foi com William Henry Fox Talbot, em 1841, que a fotografia teve seu verdadeiro progresso. O processo por ele inventado é utilizado até os dias de hoje.

Inicialmente é preciso que a pessoa que se interessa e gosta de tirar fotos tenha um material razoável em mãos, pois muitas vezes não se obtêm o resultado esperado por não ter meios adequados. Com os avanços tecnológicos existe uma variedade muito grande de recursos disponíveis para se escolher. Muito embora, pouco adiantará ao fotógrafo ter bons recursos, se não sabe souber manusear seu instrumento, seja para trabalho ou para lazer.

Uma máquina fotográfica é composta de dois elementos: o corpo da câmera e a lente, que chamaremos de objetiva. Em algumas câmeras a objetiva é fixa no corpo da máquina, por isso esta é chamada de compacta ou outra-compacta. As máquinas que não tem sua lente fixa são chamadas de SLR ou Reflex. Essas, em geral, são melhores em resolução de imagem e de cores em relação às compactas.

A lente na máquina tem o papel dos olhos em uma pessoa. Sem ela não é possível tirar nenhuma fotografia da mesma forma que não é possível a uma pessoa enxergar sem os olhos. Existem muitos tipos de lentes. Estas se dividem em três termos: macro, angular e tele.

As lentes macro servem para tirar fotos de coisas pequenas, por exemplo: flores, folhas, insetos, objetos pequenos em que se precisa aproximar bastante do motivo. Já as lentes angulares servem para fotos em que se deseja captar num ângulo bem aberto o motivo (chamamos de motivo o objeto de que se quer tirar a foto). As objetivas “tele” tem como finalidade captar imagens a longa distância, por exemplo:  na vinda do Papa os bons fotógrafos terão que utilizar dessa lente para alcançá-lo, ao menos que consigam um bom lugar.

Já o corpo da câmera tem uma composição mais complexa. Para que se consiga captar a imagem é preciso que um sensor absorva as luzes que existem no local.

Este sensor é protegido por uma placa que chamamos de obturador, com a função de controlar a entrada de luz. Hoje em dia este sensor é eletrônico, mas antes este era o filme fotográfico onde se fixava a imagem.

Dentro da máquina existe um sistema de espelho que permite ao fotógrafo, ao olhar a cena pelo visor, ter diante de si a mesma imagem que se fixará no sensor. Antigamente isso não acontecia, pois o visor, por não estar no mesmo ângulo da lente, não dava uma ideia real de como sairia à foto. Atrás da objetiva existe um espelho que reflete as luzes para um bloco de espelhos penta prismático passando depois para o visor.

Podemos concluir que fotografia é antes de tudo captação de luz!

E agora o leitor deve estar se perguntando o porquê de um título tão diferente da essência do artigo. Até agora só se falou em fotografia, mas, então, Deus é fotógrafo?

É simples. O que se passa com uma máquina fotográfica deve se passar com cada ser humano. A câmera para cumprir sua finalidade, ou seja, para reproduzir as imagens precisa captar a luz que existe no ambiente. O homem, da mesma forma, para cumprir a finalidade para a qual foi criado deve saber captar as luzes da graça que Deus, em Sua Infinita Misericórdia, derrama em superabundância a todo o momento. Iludem-se as pessoas em dizer que esse mundo está ausente de graça, pois a ausência que há é de captação, de correspondência às graças de Deus.

Dessa forma o homem que sabe absorver as “luzes” de Deus se assemelha mais a Ele, princípio e fim de todas as Luzes. Essas luzes para que servem? O papel da graça consiste exatamente em iluminar a inteligência, em robustecer a vontade e em temperar a sensibilidade de maneira que se voltem para o bem.[1] Portanto o homem que se decide a corresponder a todas as graças de Deus na sua vida será uma bela fotografia dessas mesmas graças, porque captando-as  revelará não só no seu íntimo como também no seu exterior. Esse homem será para os outros a foto revelada das luzes que Deus emitiu para ele ao longo da vida. É Deus, portanto, o mais perfeito dos fotógrafos que emite a luz (graça) e tira a fotografia (santifica), e o homem santo é a mais bela fotografia tirada e revelada por Ele.


[1] CORREA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra-Revolução. Cap. IX – Virtude e Contra-Revolução