Solução para a “deficiência visual”
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Bem conhecida por todos é essa propaganda que tantas vezes se ouve nas regiões comerciais. Surge ela no intuito, em alguma medida, de sanar ou evitar um problema que atinge a muitos: a deficiência visual.
Essa enfermidade pode atingir-nos de vários modos: às vezes com o avançar da idade, outras vezes como “herança” de nossos ancestrais, enfim de mil maneiras podemos ter alguma deficiência na visão. Esse problema pode nos atrapalhar enormemente, seja no trabalho, em nossas leituras cotidianas, enfim, para as coisas mais simples do nosso dia-a-dia. São elas: astigmatismo, catarata, miopia, hipermetropia, daltonismo, glaucoma, tracoma etc.
Se transpusermos está deficiência para o campo sobrenatural, veremos que o número dos que são atingidos por ela aumenta enormemente, uma vez que todos nascem com ela, pelo fato de que nenhum ser humano, por si mesmo, é capaz de “ver” os aspectos sobrenaturais que rodeiam a própria existência. Por essa razão Deus, ao nos adotar como filhos, no momento de nosso batismo, nos faz “ver” o que nossos olhos jamais conseguiriam enxergar, infundindo em nossa alma uma virtude: a FÉ.
Deus, diz São Tomás de Aquino, é sumamente visível e, no entanto nós por causa da nossa condição de criatura não o podemos ver e mais ainda não podemos admirar os seus movimentos e sua ação sem o auxílio sobrenatural da graça que nos é dada no batismo.
Essa “miopia” espiritual nos é mais prejudicial do que qualquer deficiência em nossos olhos!
No entanto, mesmo depois do batismo, pode o homem, por infidelidade aos benefícios recebidos de Deus, ofuscar sua visão sobrenatural ou até mesmo perdê-la por completo. Nestes casos os melhores “oculistas” são os santos.
Para ilustrar essa noção que devemos ter a respeito da nossa fé, apresentamos um fato que se deu com São João Bosco:
O célebre poeta, dramaturgo e romancista, Vítor Hugo apresentou-se um dia a São João Bosco e, assumindo a atitude de incrédulo, disse-lhe:
– Sou incrédulo… Na minha juventude, acreditava como acreditavam os meus pais e amigos; mas, logo que pude refletir sobre as minhas ideias e raciocinar, pus de parte a religião e comecei a viver como filósofo.
Tendo-lhe perguntado que quer dizer “viver como filósofo”, explicou:
– Procurar levar uma vida feliz, sem me preocupar com o sobrenatural, nem com a vida futura, com que os padres costumam assustar a gente simples e de pouca inteligência.
O Santo não se alterou nem entrou em profundas discussões, como talvez desejasse o visitante, mas limitou-se a convidá-lo a considerar-se já no fim da vida, no momento de passar desta vida para a eternidade, e prosseguiu:
– O senhor deve pensar no grande futuro: terá ainda alguns instantes de vida; se os aproveitar, se se servir da Religião e da misericórdia de Deus, salva-se e para sempre; do contrário, morrerá, mas morrerá como incrédulo, como réprobo e tudo ficará perdido para si para sempre. Digo-lhe a coisa ainda mais claramente: para o senhor nada mais há a esperar do que o nada, segundo sua opinião, ou o suplício eterno que o espera, segundo a minha crença e a de todo o mundo.
O interlocutor, pensativo, replicou:
– O senhor diz-me umas palavras que não são de filósofo nem de teólogo, mas de amigo que não quererei repelir. Digo-lhe que entre os meus amigos se passa o tempo a discutir filosofia, sem chegar a grandes conclusões: espera-nos ou o nada ou uma eternidade infeliz? Ora, eu quero este ponto bem definido, e por isso, se me permite, voltarei a fazer-lhe outra visita.
Voltou, com efeito, na noite seguinte e concluiu as suas palavras assim:
– Creio no sobrenatural, creio em Deus e espero morrer nas mãos de um padre católico que encomende o meu espírito ao Criador.
Nas palavras do singular visitante temos de notar uma inexatidão:
“O senhor dirige-me palavras que não são de teólogo”.
Pelo contrário. O Santo conhecia bastante bem a Teologia, de modo particular a definição do Sagrado Concílio de Trento:
“A Fé é o princípio da salvação humana… Precisamente a esta Fé, segundo a tradição que vai até os Apóstolos, se referem os Catecúmenos, quando, antes do Batismo, pedem a Fé que dá a vida eterna” [1].
[1] Pe. Ricaldone, “Introdução à Fé”, Edição da Província Salesiana, Lisboa, Portugal, 1ª edição, 1960, pp. 218 e 219.
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