Cristo vivo em sua Igreja

Em uma entrevista concedida a Zenit, durante a “Sacra Liturgia 2013”, grande conferência internacional sobre liturgia ocorrida em Roma no final de junho, o Cardeal Burke – Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica – diz que é um erro de concepção afirmar que a liturgia tem mais a ver com a estética, e não é tão importante quanto as boas obras feitas com fé. Pois a liturgia tem a ver com Cristo. É Cristo vivo em Sua Igreja, Cristo glorioso vindo ao nosso meio e agindo em nós por meio dos sinais sacramentais, para nos dar o presente da vida eterna para nos salvarmos. É a fonte de qualquer obra verdadeiramente caridosa que realizamos, qualquer boa obra que fazemos. Então, a pessoa cujo coração é cheio de caridade e quer fazer boas obras vai, como Madre Teresa, oferecer seu primeiro propósito à adoração de Deus, a fim de que, quando ele for oferecer caridade para as pessoas pobres ou necessitadas, seja no nível de Deus, e não em um nível humano.

Ainda na entrevista o Cardeal Burke afirma que não vê aqueles que seguem as normas litúrgicas como sendo pessoas extremamente legalistas que sufocam o espírito. Para ele a lei litúrgica nos disciplina, a fim de que tenhamos a liberdade de adorar a Deus; de outro modo, somos sequestrados – nós somos as vítimas ou escravos ou das nossas ideias individuais, ideias relativas disto ou daquilo, ou da comunidade ou de qualquer outra coisa. Mas a lei litúrgica salvaguarda a objetividade da adoração divina e prepara esse espaço entre nós, essa liberdade de adorar a Deus como Ele quer, para que, então, estejamos certos de não estarmos adorando a nós mesmos ou, ao mesmo tempo, como diz Santo Tomas de Aquino, falsificando de algum modo o culto divino.

“A celebração eucarística é frutuosa quando os sacerdotes e os responsáveis da pastoral litúrgica se esforçam por dar a conhecer os livros litúrgicos em vigor e as respectivas normas, pondo em destaque as riquezas estupendas da Instrução Geral do Missal Romano e da Instrução das Leituras da Missa. Talvez se dê por adquirido, nas comunidades eclesiais, o seu conhecimento e devido apreço, mas frequentemente não é assim; na realidade, trata-se de textos onde estão contidas riquezas que guardam e exprimem a fé e o caminho do povo de Deus ao longo dos dois milênios da sua história” (Sacramentum Caritatis, nº 40). “Além disso, os edifícios sagrados e os objetos destinados ao culto sejam realmente dignos e belos, sinais e símbolos das coisas divinas” (IGMR, nº 288).

Que o Coração materno da Virgem Maria modele os nossos para receber incondicionalmente o dom de Jesus na Eucaristia e para nos unirmos a sua oferenda perfeita através de uma liturgia bem conduzida.