Marta e Maria: dois elementos da única missão
Caros amigos, no Ano Eucarístico (na Diocese de Nova Friburgo) há muito o que fazer, tanto dentro como fora de nós mesmos. A Eucaristia, nascida do coração ardente de Jesus Cristo (cfr. Lc 22, 15), também nos impulsiona à missão: “O amor de Cristo nos impele, considerando que um só morreu por todos e, portanto, todos morreram. De fato, Cristo morreu por todos, para que os que vivem já não vivam para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2Cor 5, 14-15).
Sentindo este afã pelo novo que Deus quer em sua Igreja, muitos católicos perguntam-se: Qual o melhor caminho a seguir? Onde há muitos frutos?
As respostas a este legítimo anseio dos corações são variadas, como são variadas as vocações existentes na Igreja; mas encontram um ponto comum no amor, que é imprescindível em qualquer missão (cfr. 1Cor 13).
Na meditação do texto lucano do encontro de Jesus com as irmãs Marta e Maria (cfr. Lc 10, 38ss), encontramos uma provocadora reflexão sobre o tema. Depois de uma viagem, Jesus pede asilo na casa das irmãs Marta e Maria, discípulas suas (cfr. Jo 11, 5ss). Por especial cuidado com o Mestre, Marta se desdobrava nos serviços de hospitalidade e Maria, sentada, ouvia o Senhor. Ante a indignação da laboriosa Marta, que pedia que Jesus enviasse Maria ao trabalho, Nosso Senhor responde: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10, 41-42).
Muitos cristãos, ao lerem este relato, logo formam o paralelo: Marta simboliza a “vida ativa”, enquanto que Maria a “vida contemplativa”. É verdade que a tradição cristã sempre o entendeu assim, mas nunca separou estas duas dimensões. De fato, elas precisam estar unidas no coração de cada filho de Deus.
Jesus não disse que Maria escolheu a “parte boa”, indicando que Marta ficou com a má; mas falou que Maria escolheu a “melhor parte”, indicando que a de Marta também é boa! E por que uma é melhor? “Porque não lhe será tirada”. Pois na eternidade não haverá nada mais que a contemplação. Nesta terra, entretanto, as duas coisas são necessárias: “a ação, para ser fecunda, carece da contemplação; quando esta atinge certo grau de intensidade, difunde sobre a primeira algum tanto do seu excedente e, por meio dela, a alma vai haurir diretamente no coração de Deus as graças que a ação se encarrega de distribuir” (Chautard).
A missão, portanto, só é eficaz quando nela há lugar para as duas irmãs. Onde há mais frutos? Sem dúvida, onde houver mais amor.
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