Sinos de Notre Dame – III

“Emanuel, o único sobrevivente, recebeu seu novos companheiros de campanário tocando.”

A temática proposta para esta série de artigos e seu título inicial é: “ A voz de Deus faz-se ouvir novamente na França ”: http://novafriburgo.blog.arautos.org/2013/05/os-sinos-de-notre-dame-ii/

Com uma breve introdução, estilo revue, apresentamos uma notícia publicada pelo jornal parisiense Le Monde, que trata da restauração do multissecular campanário da Catedral de Notre Dame de Paris, que foi destruído pelos revolucionários durante os anos de terror da Revolução Francesa.

Resolvemos contar um pouco da história do próprio sino, de seu simbolismo na liturgia católica e de como a Igreja o utiliza com um fim específico, instituindo um ato litúrgico para abençoá-lo: o chamado Batismo do sino.

Nesse último artigo, retomaremos o assunto inicial, noticiando o ocorrido com os detalhes pertinentes a esse grandioso evento.

“A chegada dos novos sinos a Paris, no dia 31 de janeiro de 2013, foi uma apoteose. As autoridades montaram uma arquibancada para o povo que queria vê-los. 

Na realidade, ao longo de uma viagem de mais de 300 km, o transporte dos sinos deu origem a uma série de acontecimentos: na autoestrada, as pessoas aguardavam sua passagem de cima das pontes.

Em Paris, o serviço de segurança teve trabalho especial por causa da multidão — aliás, ordeira e respeitosa — que assistia os braços mecânicos descerem os imensos sinos.

“Emanuel”, o venerável bourdon do rei Luis XIV, o único dos sinos que escapou da sanha dos revolucionários, recebeu seus futuros “irmãos” de campanário tocando sozinho.

Eles só foram exibidos a partir da bênção solene, ocorrida no dia 2 de fevereiro.

Os sinos se fizeram ouvir pela primeira vez em 23 de março, véspera do Domingo de Ramos, ainda em fase de teste.

O primeiro toque oficial foi o “Grand Solemnel” no Domingo de Páscoa, diante de uma multidão emocionada e entusiasmada”.[1]

Interessante coincidência… talvez não. A providência de Deus quis assim dispor as coisas para que, de tal modo, o primeiro toque oficial destes sinos acontecesse num domingo de Páscoa.

No dia que o mundo alegra-se, em que céus e terra unem-se para louvar a Ressurreição de Cristo com um uníssono Aleluia, os sons destes sinos, representantes da Voz do Todo-poderoso, ouvem-se novamente na capital francesa.

Um aspecto a se ressaltar é a afluência de um número bem grande de pessoas para o ato. Não seria o renascer de um anseio presente na alma dos franceses? Uma nostalgia que a França contemporânea sente, de seu passado de Fé? De sua história como nação cristã e fiel aos ensinamentos da Igreja?

Os próprios operários, encarregados da fundição dos sinos, foram tomados por uma felicidade e alegria sem par.

Em entrevista à rádio alemã Deustche Welle, um turista norte-americano disse: “Isto representa 850 anos de história de uma catedral fantástica e eu estou neste momento histórico ouvindo os sinos pela primeira vez. É emocionante e belíssimo”.

Com todas essas informações não podemos deixar de concluir, como bons cristãos, portadores da Fé dos apóstolos, que mais uma vez Deus, em seu insondável amor, chama a Si essa nação tão cara a Ele. A França de Clóvis, de San Remy, das maravilhas da Cristandade… a França de Versailles, da Saint Chapelle… a França das catedrais, de Notre Dame… a França dos Sinos, pelos quais a voz d’Ele, Deus, fez-se ouvir novamente. Termino com essas palavras, que nasceram dos lábios de uma fiel presente no solene ato: “O som dos sinos simboliza a presença de Deus na cidade, porque seu som é como o próprio Deus: é a suma beleza”.


[1]Disponível em: <http://goo.gl/5LxCt>