O casal feliz: São Joaquim e Sant’ Ana

 

Dentre os extraordinários fatos ocorridos no Antigo Testamento, merece especial atenção as circunstâncias que marcaram o nascimento de Samuel. A sua mãe Ana, na perplexidade da esterilidade, que lhe tirava a alegria de ser mãe, dirigiu preces e súplicas ao Senhor; e foi atendida. Samuel vinha a este mundo com a missão de ser profeta em Israel. Sua mãe como promessa de seu nascimento, ofereceu-o ao Senhor, deixando a criança no templo aos cuidados do sacerdote Eli.

Séculos mais tarde, fato análogo se dá também com uma mãe de nome Ana, cujo rebento seria não mais um profeta, mas àquela a quem daria à luz a Nosso Senhor Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que assume a natureza humana: Maria Santíssima.

Semelhante à mãe de Samuel, Santa Ana era estéril. Sofria com isso, pois como as mulheres de seu tempo, desejava dar à luz, na expectativa de ser a criança o esperado do povo de Israel; pois segundo as profecias, o Messias devia aparecer por aqueles dias. Tanto mais que para os judeus, a esterilidade era considerada um castigo do céu. De igual maneira, São Joaquim participava deste sofrimento, quando ao estar no Templo, ouvia murmurar sobre eles a condenação de que eram indignos de entrar na casa de Deus.

Mas, eis que depois de ardentes preces feitas a Javé, eis que Ana concebe e aquele santo casal recebe pelo seu abnegado sofrimento, um duplo privilégio: o de serem pais de Maria e avós de Jesus.

Sabemos que Ana, da etimologia hebraica “hannah”, significa: graça; e “Joaquin”, significa: Deus prepara, dá força. Ó casal feliz, Joaquim e Ana! A vós toda a criação se sente devedora. Pois foi por vosso intermédio que a criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a mãe pura, a única que era digna do Criador.[1]

O culto aos pais de Nossa Senhora é muito antigo, sobretudo entre os gregos. No Oriente já se venerava Santa Ana desde o século VI, e no Ocidente esta devoção se estendeu a partir do século X. Os dois santos eram comemorados separadamente: Santa Ana a 25 de julho pelos gregos e no dia seguinte pelos latinos. Em 1584 foi instituída a festividade de Santa Ana. São Joaquim também foi incluído no calendário litúrgico, primeiro a 20 de março, para passar para 16 de agosto em 1913 e depois se reunir com sua santa esposa no novo calendário litúrgico, no dia 26 de julho.

 

Oração a São Joaquim e Santa Ana

 

Ó progenitores digníssimos de Maria sempre Virgem, São Joaquim e Santa Ana, eu, vosso servo humilde, cheio de confiança em vossa bondade, ofereço-me hoje todo a vós e proponho honrar-vos sempre o mais possível, para contentar o Coração de vossa Santíssima Filha, minha Rainha, Maria. Dignais-vos de me aceitar por vosso servo e de me ajudar em todas as necessidades, tanto da alma como do corpo. Obtende-me especialmente uma terníssima devoção para com vossa Filha e minha amadíssima Mãe.

Ó meus santos protetores, quisera eu amar a Maria, assim como vós a amastes. Mas este desejo é superior às minhas forças, meu coração está demais apegado às criaturas para se elevar tão alto. A vós recorro, portanto, e rogo-vos, pelo amor da mesma Virgem, que me alcanceis a graça de A amar, honrar e servir com todas as minhas forças; e juntamente com a devoção a Maria, obtende-me um amor ardentíssimo para com Jesus Cristo, seu Divino Filho, e vosso descendente segundo a carne.[2]

 

 

 


[1] SÃO JOÃO DAMASCENO. Sermões in Nativitatem B. Mariae Virgo.

[2] MARIA CRISTINI, Pe. Thiago C.SS.R., “Meditações para todos os dias do ano tiradas das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja”, Herder e Cia., tomo III, págs. 240 – 243, Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921.