São Bento, um varão repleto da graça divina

O Império Romano, outrora imponente e majestoso, via-se devastado e aniquilado pelas hordas bárbaras que surgiam na Europa, sedentas de saque e destruição. Instituições, costumes, edifícios, tudo era varrido em presença dos novos dominadores.

Entretanto, a Santa Igreja Católica, firmada sobre a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo, de que jamais as portas do inferno prevaleceriam contra ela, brilhava em meio às ruínas do Império Romano, qual luzeiro no firmamento, proclamando que o mundo nascido do paganismo soçobrava, mas que ela mesma jamais seria destruída. Mas como Deus faria surgir, em meio ao caos, o esplendor e a ordem?

O Espírito Santo suscitou na alma de um jovem, um desejo intenso de restaurar e renovar a sociedade de então e instaurar uma nova civilização: Bento de Núrsia.

Bento nasceu de uma nobre família da Núrsia, em 480. Sentia em si, enorme anelo pelo silêncio e solidão. Seus pais o enviaram a Roma, para que pudesse estudar, mas querendo preservar aquele impulso sobrenatural que movia o seu coração, viu que não poderia permanecer no “mundo” da época. Resolveu abandonar tudo, para ir à procura de um lugar onde pudesse adquirir o conhecimento e o amor de Deus.

A cidade de Enfide, a 50 quilômetros de Roma, foi o local escolhido para o seu retiro. Um pequeno fato, foi ocasião para o seu primeiro milagre: certo dia sua antiga governanta, querendo limpar o trigo, deixou cair o crivo no chão, ocasionando a quebra do mesmo. São Bento tomando os pedaços do chão o restituiu da forma mais perfeita possível à governanta. Milagres como este foram inúmeros, pois Deus lhe concedeu, com largueza, o dom dos milagres.

Atraídos por sua fama, vários varões juntaram-se sob sua égide para receberem um “pouco de seu espírito”. Nascia assim a ordem Beneditina, que devia se espalhar por todo o mundo. Os filhos espirituais de São Bento seguem a regra escrita por seu fundador vivendo a perfeição na obediência, o esplendor da liturgia, o primor do canto religioso e o amor à beleza posta ao serviço de Deus.

A Ordem de São Bento teve um extraordinário desenvolvimento a partir do século X, com a fundação da Abadia de Cluny. Inúmeros padres, bispos, cardeais e inclusive papas, seguiram sua inspirada regra.

O santo abade com antecedência previu o dia de sua morte. Seis dias antes, mandou preparar sua sepultura e no dia 21 de março de 547, entregou sua alma ao Criador.