A vida consagrada

“O que aconteceria se não houvesse as religiosas?”. Disse o Papa Francisco no Angelus de Domingo 2 de Fevereiro, dia mundial da vida consagrada.

Celebramos hoje a festa da Apresentação de Jesus no templo. Hoje é também o Dia da vida consagrada, que evoca a importância pra a Igreja de quantos acolheram a vocação de seguir Jesus de perto pelo caminho dos conselhos evangélicos. O Evangelho de hoje narra que, quarenta dias depois do nascimento de Jesus, Maria e José levaram o Menino ao templo para o oferecer e consagrar a Deus, como prescrito pela Lei judaica. Este episódio evangélico constitui também um ícone da doação da própria vida por parte de quantos, por um dom de Deus, assumem as características típicas de Jesus casto, pobre e obediente.

Esta oferenda de si mesmo a Deus diz respeito a cada cristão, porque todos somos consagrados a Ele mediante o Batismo. Todos estamos chamados a oferecer-nos ao Pai com Jesus e como Jesus, fazendo da nossa vida um dom generoso, na família, no trabalho, no serviço à Igreja, nas obras de misericórdia. Contudo, tal consagração é vivida de modo particular pelos religiosos, monges, leigos consagrados, que com a profissão de votos pertencem a Deus de modo pleno e exclusivo. Esta pertença ao Senhor permite que quantos a vivem de maneira autêntica ofereçam um testemunho especial ao Evangelho do Reino de Deus. Totalmente consagrados a Deus, são inteiramente entregues aos irmãos, para levar a luz de Cristo onde as trevas são mais densas e para difundir a sua esperança nos corações desanimados.

As pessoas consagradas são sinal de Deus nos diversos ambientes de vida, são fermento para o crescimento de uma sociedade mais justa e fraterna, são profecia de partilha com os pequeninos e os pobres. Entendida e vivida desta forma, a vida consagrada parece-se precisamente como é realmente: um dom de Deus, um dom de Deus à Igreja, um dom de Deus ao seu Povo! Cada pessoa consagrada é um dom de para o Povo de Deus a caminho. Há tanta necessidade destas presenças, que fortalecem e renovam o compromisso da difusão do Evangelho, da educação cristã, da caridade para com os mais necessitados, da oração contemplativa; o compromisso da formação humana, da formação espiritual dos jovens, das famílias; o compromisso pela justiça e pela paz na família humana. Mas pensemos um pouco no que aconteceria se não houvesse religiosas nos hospitais, nas missões, nas escolas. Mas considerai, uma Igreja sem religiosas! Não se pode imaginar: elas são este dom, este fermento que leva em frente o Povo de Deus. São grandes estas mulheres que consagram a sua vida a Deus, que levam em frente a mensagem de Jesus!

A Igreja e o mundo precisam deste testemunho do amor e da misericórdia de Deus. Os consagrados, os religiosos, as religiosas são o testemunho de que Deus é bom e misericordioso. Por isso é necessário valorizar com gratidão as experiências de vida consagrada e aprofundar o conhecimento dos diversos carismas e espiritualidades. É preciso rezar para que muitos jovens respondam “sim” ao Senhor que os chama a consagrar-se totalmente a Ele para um serviço abnegado aos irmãos; consagrar a vida para servir Deus e os irmãos.

Portanto, com já foi anunciado, o próximo ano será dedicado de modo especial à vida consagrada. Confiemos desde já esta iniciativa à intercessão da Virgem Maria e de São José que, como pais de Jesus, foram os primeiros por Ele consagrados e que consagraram a sua vida e Ele.

Fonte: L’OSSERVATORE ROMANO. Ano XLV, N. 6 (2.299), 6 de fevereiro de 2014, p. 9.