Viver segundo o domingo

Caros amigos, o domingo é, para nós, de suma importância, pois na madrugada misteriosa deste dia, oculto aos olhos de todos os homens, Cristo ressuscitou trazendo-nos a Vida. O domingo é, portanto, nossa “páscoa semanal”. Nele a Tradição da Igreja canta: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: exultemos e cantemos de alegria” (Sl 118, 24).

O primeiro dia da semana não deve transformar-se em um tempo de descanso inconsciente e de excessos. Ele é o dia de ação de graças, de convívio familiar, de reunião comunitária e, sobretudo de caridade, de serviço e contemplação de Deus. Santo Inácio de Antioquia, no início do século II, falava sobre os “amigos de Cristo” que deveriam “viver segundo o domingo” (Cfr. Carta aos Magnésios, 9). Santificado pela ressurreição de Cristo, o domingo deve ser o ponto alto de nossa semana: nele, primordialmente, participamos da Eucaristia e, a partir dele, nosso dia a dia vai gradativamente tomando forma eucarística.

A este respeito alertou o Sínodo sobre a Eucaristia: “a vida de fé corre grave perigo quando se deixa de sentir o desejo de participar da celebração eucarística em que se faz memória da vitória pascal. A participação na assembleia litúrgica dominical (…) é exigida pela consciência cristã e simultaneamente educa a consciência cristã. Perder o sentido do domingo como dia do Senhor que deve ser santificado é sintoma de uma perda do sentido autêntico da liberdade cristã, a liberdade dos filhos de Deus” (SC, 73). Esta liberdade é sinal inequívoco daqueles que renasceram da água e do Espírito. O batizado deve viver uma vida nova alimentada pela Palavra de Deus e pelos Sacramentos, tornando-se, deste modo, potenciais “evangelizadores e testemunhas” do Ressuscitado.

Consciente do importante tema do Ano Eucarístico Diocesano: Eucaristia e Missão. Termino o artigo de hoje com algumas palavras de São João Paulo II em sua Carta Apostólica sobre o domingo: “Recebendo o Pão da vida, os discípulos de Cristo preparam-se para enfrentar, com a força do Ressuscitado e do seu Espírito, as obrigações que os esperam na sua vida ordinária. Com efeito, para o fiel que compreendeu o sentido daquilo que realizou, a Celebração Eucarística não pode exaurir-se no interior do templo. Como as primeiras testemunhas da ressurreição, também os cristãos, convocados cada domingo para viver e confessar a presença do Ressuscitado, são chamados, na sua vida quotidiana, a tornarem-se evangelizadores e testemunhas” (DD, 45); Deus abençoe a todos!