Mensagem para o dia dos pais

Haja o que houver, eu sempre estarei a seu lado

Nas sagradas páginas dos Evangelhos, encontramos inúmeros momentos em que Jesus dirige-se a Deus com a terna confiança de um filho, e que Filho, para seu pai, e que Pai.

Esta relação maravilhosa entre Pai e Filho, quis Deus que fosse refletida no relacionamento familiar dos filhos para com seus pais. Para tanto, os filhos devem encontrar em seus pais as virtudes que o conduzirão ao Pai dos pais.

O episódio narrado a seguir, nos serve como exemplo.

* * *

Na Romênia, um homem dizia sempre a seu filho:

– Haja o que houver, eu sempre estarei a seu lado.

Houve nesta época um terremoto de intensidade muito grande, que quase arrasou as construções lá existentes.

Estava nesta hora este homem em uma estrada. Ao ver o ocorrido, correu para casa e verificou que sua esposa estava bem, mas seu filho estava na escola.

Foi imediatamente para lá. E a encontrou totalmente destruída.

Não restou uma única parede de pé…

Tomado de uma enorme tristeza, ficou ali “ouvindo” a voz feliz de seu filho a sua promessa (não cumprida): “Haja o que houver, eu estarei sempre a seu lado”.

Seu coração estava apertado e sua vista apenas enxergava a destruição. A voz de seu filho e sua promessa não cumprida, o dilaceravam. Mentalmente percorreu inúmeras vezes o trajeto que fazia diariamente segurando a sua mãozinha. O portão (que não mais existia); corredor… Olhava as paredes, aquele rostinho confiante.

Passava pela sala do 3º ano, virava o corredor e o olhava ao entrar.

Até que resolveu fazer em cima dos escombros, o mesmo trajeto. Portão,… corredor… virou a direita e parou em frente ao que deveria ser a porta da sala. Nada! Apenas uma pilha de material destruído.

Nem ao menos um pedaço de alguma coisa que lembrasse a classe. Olhava… tudo, desolado.

E continuava a ouvir sua promessa. E ele não estava… Começou a cavar com as mãos.

Nisto chegaram outros pais, que embora bem intencionados, e também desolados, tentavam afastá-lo de lá dizendo:

– Vá para casa. Não adianta, não sobrou ninguém. Vá para casa.

Ao que retrucava: – Você vai me ajudar?

Mas ninguém o ajudava, e pouco a pouco, todos se afastavam. Chegaram os policiais, que também tentaram retirá-lo dali, pois viam que não havia chance de ter sobrado ninguém com vida. Havia outros locais com mais esperança. Mas este homem não esquecia sua promessa ao filho, a única coisa que dizia para as pessoas que tentavam retirá-lo de lá era: – Você vai me ajudar?

Mas eles também o abandonaram. Chegaram os bombeiros, e foi a mesma coisa… Saia daí, não está vendo que não pode ter sobrado ninguém vivo?

– Você vai me ajudar?

– Você está cego pela dor, não enxerga mais nada. Ou então é a raiva da desgraça.

– Você vai me ajudar?

Um a um, todos se afastavam. Ele trabalhou quase sem descanso, apenas com pequenos intervalos, mas não se afastava dali. 5, 10, 12, 22, 24, 30 horas.

Já exausto, dizia a si mesmo que precisava saber se seu filho estava vivo ou morto. Até  que ao afastar uma enorme pedra, sempre chamando pelo filho, ouviu:

– Pai… estou aqui!

Feliz, fazia mais força para abrir um vão maior e perguntou:

– Você está bem?

– Estou. Mas com sede, fome e muito medo.

– Tem mais alguém com você?

– Sim, dos 36 da classe 14 estão comigo, estamos presos em um vão entre dois pilares. Estamos todos bem.

Apenas conseguia se ouvir seus gritos de alegria.

– Pai, eu falei a eles: Vocês podem ficar sossegados, pois meu pai irá nos achar. Eles não acreditaram, mas eu dizia a toda hora… Haja o que houver, meu pai estará sempre a meu lado.

– Vamos, abaixe-se e tente sair por este buraco.

– Não! Deixe-os sair primeiro… Eu sei que haja o que houver… Você estará me esperando!

 

Fonte: AQUINO, Felipe. Sabedoria em parábolas. Lorena – Cléofas. 2005, p. 20-22.