A Assunção de Maria aos Céus 

 

No dia 15 de agosto a Igreja comemora a festa da Assunção de Nossa Senhora aos Céus – no Brasil no primeiro domingo após o dia 15, quando este não cai no domingo. Ela, a Mãe de Deus e Rainha da criação, foi levada ao céu em corpo e alma a fim de permanecer junto ao seu Filho por toda a Eternidade, e assim interceder por todos os pecadores.

A origem dessa festa é secular. Porém, só no último século é que ela foi apresentada ao mundo com a força da infalibilidade pontifícia. Sua Santidade o Papa Pio XII foi quem a proclamou como dogma de Fé, em 1950. Assim é atestado na Constituição Apostólica Munificentíssimus Deus: “O imortal Pio XII, no dia 1 de novembro de 1950, no átrio da Basílica Vaticana, rodeado de 36 Cardeais, 555 Patriarcas, Arcebispos e Bispos, de grande número de dignitários eclesiásticos e de uma multidão repassada de entusiasmo, definiu solenemente, com sua suprema autoridade apostólica, o dogma da Assunção de Maria em corpo e alma ao céu”[1]

 

Morte, ressurreição, Assunção e entrada triunfante nos Céus

Segundo a Tradição, Maria não teria morrido violentamente, mas ao contrário, de forma muito suave: “Maria morreu sem dor, porque viveu sem prazer; sem temor, porque viveu sem pecado; sem sentimento, porque viveu sem apego terreno. Sua morte foi como um doce e aprazível sono; era menos o fim de uma vida do que a aurora de uma existência melhor. Para designá-la a Igreja encontrou uma palavra encantadora: a chama sono ou dormição da Virgem”[2]. “Toda suavidade que envolve a morte dos cristãos, decorre do passamento da Santíssima Virgem. Por ele a morte perdeu seu rigor e suas angústias, e nada mais é que a libertação da alma e sua perfeita consumação em Deus. Assim, com maior grandeza ainda que o querido São José, Ela nos mereceu singularmente as graças da boa morte. Por isso a chamamos Nossa Senhora da Boa Morte[3].

Da mesma forma, São Francisco de Sales[4] afirma que “Maria morreu de amor”. Ele explica que era tal o amor d’Ela para com seu divino Filho que não conseguia ficar mais separada d’Ele. A vida aqui na Terra não tinha mais sentido se era para estar fisicamente longe d’Ele. Por isso, esse amor que Os unia misticamente a fez falecer da morte mais suave e mais aprazível que se pode imaginar.

Nesse maravilhoso dia, no qual sucedeu a dormição da Virgem Maria, encontravam-se todos os apóstolos reunidos, juntos com toda a comunidade cristã, a fim de se despedir d’Ela. Não se pode afirmar que chorando de tristeza, mas sim alegres por ver que ao fim Ela se reencontraria com seu Divino filho, contudo ao mesmo tempo aflitos por se separarem de sua Senhora.

Assim, após a dormição, Maria ressuscitou, e logo em seguida subiu aos céus acompanhada por todos os anjos e santos do Céu. Eles, fazendo corte a Nosso Senhor Jesus Cristo, desceram em cortejo a fim de conduzir a sua Mãe Santíssima à morada eterna. Ora, no correr de um cerimonial o elemento mais importante vem no final, tal como acontece na entrada da Santa Missa onde primeiro de posicionam os acólitos e logo após o Padre. Da mesma forma deveria ser neste soleníssimo cortejo. No entanto, era tal o desejo de Jesus de se reencontrar com Maria, que foi contra todo o “protocolo” e se adiantou a fim de ser o primeiro em recebê-la. Podemos imaginar com que palavras Jesus saudou sua amada Mãe, o carinho com que Ela O abraçou, e como, juntos empreenderam o caminho ao Céu. Certamente foi uma das cenas mais belas de toda a História.

Por fim, após sua entrada gloriosa e triunfante ao Paraíso celestial, ela foi coroada pela Santíssima Trindade como Rainha e Senhora de todo o universo criado, desde o menor grãozinho de areia, até o mais elevado Anjo.


[1] Pio XII. Constituição Apostólica Munificentissimus Deus (1\11\1950); Documentos Pontifícios, Petrópolis: Vozes, 1951. pp. 20.

[2] GARRIGUET apud ROYO MARÍN. La Vírgen María, teología y espiritualidad marianas. Madrid: B.A.C., 1968. (tradução nossa)

[3] BERNARD apud DIAS, João Scognamiglio Clá. Comentários ao Pequeno Oficio da Imaculada Conceição. São Paulo: Artpress, 1994. p. 422.

[4] Cfr. FRANCISCO DE SALES, São. Obras Selectas. Madrid: B.A.C.,1953. p. 224-225. (tradução nossa)